Cenários para a Amazônia
Se o desmatamento continuar no ritmo
atual, em cinqüenta anos quase
metade da floresta vai desaparecer
Rafael Corrêa
|
A todo momento surgem evidências de que a Amazônia pede socorro – a dúvida são sempre o estado da devastação e o que se pode fazer para impedir a destruição da floresta e a extinção da mais rica biodiversidade do planeta. Na semana passada, foi divulgada uma das pesquisas mais detalhadas já feitas sobre a situação da Floresta Amazônica e o que poderá acontecer com ela no futuro. O estudo, coordenado por uma equipe de pesquisadores brasileiros e americanos, prevê dois cenários possíveis para a região daqui a cinqüenta anos. O primeiro ocorrerá se nada for feito para mudar a política atual de ocupação da Amazônia. Nesse caso, 40% da floresta vai desaparecer, causando um desastre ecológico que afetará o mundo inteiro. Apenas a derrubada das árvores vai lançar na atmosfera 32 bilhões de toneladas de dióxido de carbono. Isso corresponde a toda a emissão mundial desse gás – o principal vilão do efeito estufa – em quatro anos.
O segundo cenário previsto pelo estudo leva em conta que o governo brasileiro faça sua parte e tome providências para evitar o desastre. Isso inclui acabar com o desmatamento clandestino e aumentar as áreas de proteção ambiental. "Se apenas a legislação atual fosse cumprida, se houvesse fiscalização efetiva, o desmatamento descrito nesse cenário pessimista cairia pela metade", diz o cartógrafo Britaldo Soares Filho, professor da Universidade Federal de Minas Gerais e um dos coordenadores da pesquisa. As previsões sombrias sobre o futuro da Amazônia não foram as únicas a vir a público na semana passada na área ambiental. Um relatório divulgado na Convenção da ONU sobre Biodiversidade que se realiza atualmente em Curitiba apresentou um panorama alarmante da vida na Terra .Nunca a depredação de florestas foi tão intensa e tantas espécies de animais estiveram ameaçadas de extinção. Reverter esse processo é um desafio do qual depende o futuro do planeta.
Fotos Greenpeace, Antonio Milena, Atsushi Tsukada/AP, Reuters, AP e João Ramid