"Por mais que o novo ministro da Fazenda jure de pés juntos que nada vai mudar na condução da política econômica, é evidente que alguma coisa muda sim.
São novas caras, novos estilos. A troca da guarda é forte no Ministério da Fazenda. Além de Antônio Palocci e do presidente da Caixa, Jorge Mattoso, demitidos anteontem, saem também o secretário-executivo Murilo Portugal, o secretário do Tesouro Joaquim Levy e o presidente do IRB, Marcos Lisboa.
Sai também o assessor de imprensa de Palocci, o jornalista Marcelo Netto, debaixo da suspeita de ser o autor do vazamento dos dados bancários do caseiro Francenildo para a imprensa.
O BNDES, cujo presidente virou ministro da Fazenda, já tem novo presidente, assim como a Caixa Econômica. Mas o novo ministro da Fazenda vai ter que quebrar a cabeça para montar uma equipe minimamente coerente.
Só essas alterações já são suficientes para dar uma nova cara ao governo Lula. Mas vem muito mais por aí.
Até sexta-feira, mais seis ou sete ministros deixam o governo, para disputar as eleições de outubro. Também nesses ministérios, por menos mudanças que aconteçam, a cara sempre fica diferente.
Em geral, governos em final de mandato vão mesmo perdendo os titulares que querem prosseguir ou iniciar uma carreira política, e acabam comandados por técnicos, na maioria das vezes o secretário-executivo, que é promovido a ministro.
Se o presidente Lula adotar o mesmo método que adotou para nomear os novos presidentes do BNDES e da Caixa, isto é, a promoção de técnicos, não terá muito trabalho.
Mas nos últimos anos, os governos vêm adotando o costume de nomear senadores em meio de mandato para abrilhantar o ministério nos últimos nove meses, de abril a dezembro.
Como Lula ainda não desistiu de ter o PMDB do seu lado nas eleições, se não todo o partido, pelo menos uma parcela significativa, é bem possível que escolha algum senador peemedebista para ministro.
Enfim, daqui para a semana que vem a turma do Diário Oficial vai fazer hora extra, tantas serão as demissões e nomeações.
Mas uma coisa é certa: comparando o governo Lula que tomou posse em 2003 com o governo Lula que vai terminar o mandato, a conclusão que salta aos olhos é a de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está ficando perigosamente só."