FOLHA
SÃO PAULO - O ex-ministro tucano Luiz Carlos Mendonça de Barros chegou perto, mas não disse tudo, quando afirmou que o PT está usando "software pirata", em alusão à política econômica, cópia da que vigorou no período final do tucanato.
Faltou dizer que, além de pirata, o "software" tem vírus, o vírus da covardia, como no governo FHC.
Se os três anos e três meses de Lula já haviam sido de tremenda farra do setor financeiro, a declaração de independência que o presidente deu a Henrique Meirelles revela um grau de submissão talvez inédito na história da República. A declaração de independência nem era necessária, porque até as plantas da sede do BC sabem que Meirelles faz o que bem entende, até porque Lula não entende nada de economia.
Tanto é assim que, no primeiro aumento de juros no governo Lula (janeiro de 2003), Meirelles convenceu Lula de que a alta era necessária com o argumento de que a inflação dispara sempre que chega a dois dígitos, como chegara naquela época. É jogo de búzios, não é ciência, mas o presidente engoliu. Por medo dos mercados e por não ter um só argumento para rebater a crendice.
Agora de novo. Como os mercados, sempre à espreita de qualquer pretexto para especular, ficaram espertos com a troca na Fazenda, Lula ofereceu a eles mais um sacrifício ritual, na forma da declaração de independência de Meirelles em relação a Guido Mantega, o novo ministro.
Por mera coincidência, no jornal "Valor Econômico" de ontem, José Luís Fiori, professor do Instituto de Economia da UFRJ, faz uma viagem pela história da relação esquerda-"desenvolvimentismo" para criticar o que chama de "pacote intelectual" comum a PSDB e PT.
Conclui: "Não é de estranhar a dificuldade do "desenvolvimentismo" para recuperar audiência e fôlego teórico e deixar de ser apenas uma trincheira de resistência pontual e de contenção limitada de alguns excessos ou demasias neoliberais dos próprios social-democratas".
@ - crossi@uol.com.br
Faltou dizer que, além de pirata, o "software" tem vírus, o vírus da covardia, como no governo FHC.
Se os três anos e três meses de Lula já haviam sido de tremenda farra do setor financeiro, a declaração de independência que o presidente deu a Henrique Meirelles revela um grau de submissão talvez inédito na história da República. A declaração de independência nem era necessária, porque até as plantas da sede do BC sabem que Meirelles faz o que bem entende, até porque Lula não entende nada de economia.
Tanto é assim que, no primeiro aumento de juros no governo Lula (janeiro de 2003), Meirelles convenceu Lula de que a alta era necessária com o argumento de que a inflação dispara sempre que chega a dois dígitos, como chegara naquela época. É jogo de búzios, não é ciência, mas o presidente engoliu. Por medo dos mercados e por não ter um só argumento para rebater a crendice.
Agora de novo. Como os mercados, sempre à espreita de qualquer pretexto para especular, ficaram espertos com a troca na Fazenda, Lula ofereceu a eles mais um sacrifício ritual, na forma da declaração de independência de Meirelles em relação a Guido Mantega, o novo ministro.
Por mera coincidência, no jornal "Valor Econômico" de ontem, José Luís Fiori, professor do Instituto de Economia da UFRJ, faz uma viagem pela história da relação esquerda-"desenvolvimentismo" para criticar o que chama de "pacote intelectual" comum a PSDB e PT.
Conclui: "Não é de estranhar a dificuldade do "desenvolvimentismo" para recuperar audiência e fôlego teórico e deixar de ser apenas uma trincheira de resistência pontual e de contenção limitada de alguns excessos ou demasias neoliberais dos próprios social-democratas".
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