"Esta semana promete emoções fortíssimas por todo o país. Até sexta-feira, todo ocupante de cargo público que quiser disputar uma eleição tem que se desincompatibilizar, ou seja, demitir-se de seu cargo.
As únicas exceções são os governadores que disputam reeleição e o presidente da República.
A necessidade de desincompatibilização deve mexer com prefeituras, governos estaduais, secretariados e com o ministério do presidente Lula.
A única renúncia oficial, até agora, é a do governador paulista Geraldo Alckmin, que é candidato a presidente da República. Quanto ao mais, por enquanto é tudo especulação.
Em São Paulo, o prefeito José Serra ainda não decidiu oficialmente se vai disputar o governo estadual.
Da mesma maneira, o governador gaúcho Germano Rigotto, que anunciou sua renúncia, ainda não oficializou a decisão. Até porque Rigotto pode ser candidato à reeleição.
No Rio de Janeiro, a situação é um pouco mais complicada, porque a governadora Rosinha Mateus pode tornar seu marido, Anthony Garotinho, inelegível.
Se Rosinha permanecer à frente do governo, Garotinho não pode ser candidato nem a deputado federal nem a senador.
Só lhe restaria a disputa pela presidência da República.
Em Sergipe, o prefeito de Aracaju, Marcelo Deda, vai deixar o cargo para disputar o governo do estado. Mas também pode se tornar ministro de Lula.
Isto porque, dos 35 ministros, uma meia dúzia deve sair para disputar eleição, ou para o Congresso ou para governos estaduais. Saraiva Felipe, da Saúde; Ciro Gomes, da Integração Nacional; Jaques Wagner, das Relações Institucionais; Agnelo Queiroz, dos Esportes; José Fritsch, da Pesca, e Alfredo Nascimento, dos Transportes, devem deixar o governo.
O vice-presidente e também ministro da Defesa, José Alencar, que sonha em ser novamente o companheiro de chapa de Lula, também pode deixar o ministério.
Tudo isto estava mais ou menos previsto. Governos em fim de mandato vão ficando sem os políticos mais vistosos e acabam comandados por técnicos. Faz parte do programa.
O que não fazia parte do script era a saída de Antônio Palocci do Ministério da Fazenda. Esta é uma substituição peso-pesado, e de uma delicadeza de cristal.
Quem quer que venha a ser escolhido para substituí-lo precisa conquistar rapidamente a confiança dos agentes econômicos, para minimizar os efeitos da saída de Palocci.
Não pode balançar a canoa. Caso contrário, afunda as pretensões de reeleição do presidente Lula."