FOLHA
RIO DE JANEIRO - Um simples caseiro derrubou o poderoso ministro. O ministro não via o caseiro, mas o caseiro via o ministro. No discurso do ministro, a casa onde trabalhava o caseiro nem sequer existia. Do ponto de vista do caseiro, o ministro era bem diferente da imagem pública.
De perto ninguém é normal. Isso é fato sabido e cantado. Mas homens públicos costumam vender a imagem nada humana de que não têm outros desejos fora o de poder. A maioria parece acreditar no personagem que projeta.
Sabe-se lá por quais razões o caseiro que ninguém via na tal casa resolveu falar que o ministro ia lá. O que se fazia na casa todo mundo já sabia. Outros desejos e o próprio poder ali se misturavam.
Pego na mentira, o ministro descobriu que o caseiro existia, e seu pessoal foi examinar de perto se ele também não era normal. Sua vida foi vasculhada. Havia movimentações financeiras fora dos padrões na conta de um banco estatal.
Os depósitos começaram em janeiro, mas o banco só "estranhou" o movimento fora dos padrões no dia 17 de março, na semana em que o caseiro disse ter visto o ministro na casa. No mesmo dia, o bancão notificou o Conselho de Controle de Atividades Financeiras e o Banco Central. Os bancos têm obrigação de comunicar em 24 horas movimentações anormais. Naquela mesma sexta-feira, as informações foram parar numa revista.
A conta do caseiro tornou-se pública. Com ela, revelou-se também um drama familiar, numa prova de que ninguém é mesmo normal. Mas os desdobramentos de tamanha invasão de privacidade acabaram derrubando o superministro e serviram para expor gente que, em nome de razões de Estado e desejo de (mais) poder, é capaz de tudo.
De quase tudo, porque não enxerga os olhos de caseiros, motoristas, secretárias, amantes, ex-mulheres etc. Esses conhecem todos de perto.
De perto ninguém é normal. Isso é fato sabido e cantado. Mas homens públicos costumam vender a imagem nada humana de que não têm outros desejos fora o de poder. A maioria parece acreditar no personagem que projeta.
Sabe-se lá por quais razões o caseiro que ninguém via na tal casa resolveu falar que o ministro ia lá. O que se fazia na casa todo mundo já sabia. Outros desejos e o próprio poder ali se misturavam.
Pego na mentira, o ministro descobriu que o caseiro existia, e seu pessoal foi examinar de perto se ele também não era normal. Sua vida foi vasculhada. Havia movimentações financeiras fora dos padrões na conta de um banco estatal.
Os depósitos começaram em janeiro, mas o banco só "estranhou" o movimento fora dos padrões no dia 17 de março, na semana em que o caseiro disse ter visto o ministro na casa. No mesmo dia, o bancão notificou o Conselho de Controle de Atividades Financeiras e o Banco Central. Os bancos têm obrigação de comunicar em 24 horas movimentações anormais. Naquela mesma sexta-feira, as informações foram parar numa revista.
A conta do caseiro tornou-se pública. Com ela, revelou-se também um drama familiar, numa prova de que ninguém é mesmo normal. Mas os desdobramentos de tamanha invasão de privacidade acabaram derrubando o superministro e serviram para expor gente que, em nome de razões de Estado e desejo de (mais) poder, é capaz de tudo.
De quase tudo, porque não enxerga os olhos de caseiros, motoristas, secretárias, amantes, ex-mulheres etc. Esses conhecem todos de perto.