FOLHA
Por mais extravagâncias que alguém esperasse do governo Lula, essa do ministro da Fazenda asilado e escondido no palácio presidencial por toda a semana, para fugir de algum repórter que perguntasse se esteve ou não na casa-da-mãe-joana, essa consumou o inimaginável. Não só pelo que há de cômico na atitude desse ministro que se reúne com ministros e banqueiros das grandes potências, mas é posto em pânico e fuga por uma frase singela de um pobre caseiro: "Eu vi ele na casa". Na atitude de Antonio Palocci há também a síntese definitiva do estado de calamidade ética e moral que as estrelas do PT restabeleceram no país, passados tão poucos anos da repugnante era Collor.
A fuga de Antonio Palocci é a confissão silenciosa de que o ministro da Fazenda do Brasil nem ao menos pode dizer que "não é verdadeira", apenas isso, a afirmação do caseiro. Impossibilidade confirmada nos mais de dez minutos que Antonio Palocci dedicou ao seu "atual inferno", em forçado reaparecimento para um discurso na sexta-feira, sem ousar sequer insinuar uma contestação. A propósito, registre-se a decisão da Câmara Americana de Comércio de não aceitar que, além do numeroso esquema policialesco para manter o isolamento de Palocci, jornalistas fossem proibidos até de ouvi-lo de dentro do auditório.
Lula recebeu críticas ferozes por dizer que "o PT fez o que é sistemático no Brasil", mas os seus críticos sabem que, se foi exagerado, não foi inverdadeiro. O uso de campanha eleitoral para fazer patrimônio, crime agora suavemente apelidado de caixa dois, é comprovável sem dificuldade no crescimento do patrimônio imobiliário e financeiro de inúmeros políticos não muito depois de cada eleição, e sem que no intervalo houvesse outra explicação para novos ganhos. O PT estava no crime, mas não sozinho, e nem no método inovou, como sabe o PSDB mineiro. Caixa dois e "mensalão" são muito diferentes, e também no suborno de parlamentares o PT pode ter exagerado, mas não foi único, como bem atesta o governo Fernando Henrique. O caso de Antonio Palocci, esse sim, é criação original.
Só em um governo que abriu mão da ética e da honradez -o que Lula inicou ao abrir mão dos princípios e compromissos que sustentou para o eleitorado por 20 anos- seriam possíveis os dois fatos agora exibidos ao país. Um, a freqüência do ministro da Fazenda a uma casa de reuniões de uma turma identificada com negócios suspeitos, não importa se a casa acobertava, de quebra, outras finalidades. Em seguida, além de não posto sob questionamento algum no governo, dos tantos exigidos pela probidade administrativa, o ministro é acoitado no próprio palácio da Presidência da República, para protegê-lo também do questionamento pela sociedade.
O crime de quebra ilegal de sigilo bancário do caseiro e a divulgação fraudulentamente acusatória, ambos com sua procedência atribuída ao gabinete do ministro da Fazenda; o desvio do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) para incluir-se na sordidez persecutória contra o caseiro; os dois crimes na Caixa Econômica Federal, de violação do sigilo e de acobertamento -isso e a demais sujeira são apenas componentes naturais do estado de calamidade ética e moral. Que o PT, em 92, ajudou a extirpar.
Imperícia
O Exército até agora não entregou os fuzis e a pistola "recuperados" para a perícia no Instituto de Criminalística, como determinado pela Justiça. Enquanto isso, a polícia continua procurando nas favelas. E nos últimos dias até encontrou metralhadoras com o timbre do Exército e, idêntico aos levados no recente assalto, um fuzil FAL.
Política
Ministro do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim está providenciando sua reinscrição no PMDB, com vista a uma possível candidatura. Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Edson Vidigal já lançou sua pré-candidatura ao governo do Maranhão pelo PSB.
A Constituição proíbe aos magistrados toda atividade propriamente política. Fossem magistrados de instâncias menores, pagariam com afastamento e processo. Para isso, entre outras coisas, está criado o rigoroso Conselho Nacional de Justiça -presidido por Nelson Jobim, que não sei se melhor diria do STF ou do PMDB.
A fuga de Antonio Palocci é a confissão silenciosa de que o ministro da Fazenda do Brasil nem ao menos pode dizer que "não é verdadeira", apenas isso, a afirmação do caseiro. Impossibilidade confirmada nos mais de dez minutos que Antonio Palocci dedicou ao seu "atual inferno", em forçado reaparecimento para um discurso na sexta-feira, sem ousar sequer insinuar uma contestação. A propósito, registre-se a decisão da Câmara Americana de Comércio de não aceitar que, além do numeroso esquema policialesco para manter o isolamento de Palocci, jornalistas fossem proibidos até de ouvi-lo de dentro do auditório.
Lula recebeu críticas ferozes por dizer que "o PT fez o que é sistemático no Brasil", mas os seus críticos sabem que, se foi exagerado, não foi inverdadeiro. O uso de campanha eleitoral para fazer patrimônio, crime agora suavemente apelidado de caixa dois, é comprovável sem dificuldade no crescimento do patrimônio imobiliário e financeiro de inúmeros políticos não muito depois de cada eleição, e sem que no intervalo houvesse outra explicação para novos ganhos. O PT estava no crime, mas não sozinho, e nem no método inovou, como sabe o PSDB mineiro. Caixa dois e "mensalão" são muito diferentes, e também no suborno de parlamentares o PT pode ter exagerado, mas não foi único, como bem atesta o governo Fernando Henrique. O caso de Antonio Palocci, esse sim, é criação original.
Só em um governo que abriu mão da ética e da honradez -o que Lula inicou ao abrir mão dos princípios e compromissos que sustentou para o eleitorado por 20 anos- seriam possíveis os dois fatos agora exibidos ao país. Um, a freqüência do ministro da Fazenda a uma casa de reuniões de uma turma identificada com negócios suspeitos, não importa se a casa acobertava, de quebra, outras finalidades. Em seguida, além de não posto sob questionamento algum no governo, dos tantos exigidos pela probidade administrativa, o ministro é acoitado no próprio palácio da Presidência da República, para protegê-lo também do questionamento pela sociedade.
O crime de quebra ilegal de sigilo bancário do caseiro e a divulgação fraudulentamente acusatória, ambos com sua procedência atribuída ao gabinete do ministro da Fazenda; o desvio do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) para incluir-se na sordidez persecutória contra o caseiro; os dois crimes na Caixa Econômica Federal, de violação do sigilo e de acobertamento -isso e a demais sujeira são apenas componentes naturais do estado de calamidade ética e moral. Que o PT, em 92, ajudou a extirpar.
Imperícia
O Exército até agora não entregou os fuzis e a pistola "recuperados" para a perícia no Instituto de Criminalística, como determinado pela Justiça. Enquanto isso, a polícia continua procurando nas favelas. E nos últimos dias até encontrou metralhadoras com o timbre do Exército e, idêntico aos levados no recente assalto, um fuzil FAL.
Política
Ministro do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim está providenciando sua reinscrição no PMDB, com vista a uma possível candidatura. Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Edson Vidigal já lançou sua pré-candidatura ao governo do Maranhão pelo PSB.
A Constituição proíbe aos magistrados toda atividade propriamente política. Fossem magistrados de instâncias menores, pagariam com afastamento e processo. Para isso, entre outras coisas, está criado o rigoroso Conselho Nacional de Justiça -presidido por Nelson Jobim, que não sei se melhor diria do STF ou do PMDB.