blog NOBLAT
Não vejo outro caminho a ser seguido pelo país exceto uma intensa mobilização da sociedade com o objetivo de enfrentar o caos político em que vivemos e que reflete em temas capitais como a segurança pública, a saúde e a educação. A nossa omissão está permitindo que a política seja tomada por cretinos e que a segurança pública seja relegada a plano inferior e que o Estado se consuma em si mesmo em meio a uma arrecadação tributária recorde.
Por muito tempo, imaginou-se que a saída seria ideológica. Partidos de esquerda seriam menos corruptos do que os partidos de direita. Com seus esquemas e crimes, o PT desmentiu de forma cabal tal crença. É tão ou mais corrupto que os outros. Ainda que, tal quais alguns outros partidos, também tenha gente do bem e pessoas inocentes. Agora, o PSOL repete o mesmo erro fundamentalista do PT. Quer fazer uma política excludente, partindo do princípio de que nós temos o monopólio da verdade e a solução para os problemas nacionais. Tentará trilhar o caminho do PT?
A questão no país é ética antes de ser ideológica. Devemos, ao fazer política, assumir princípios morais antes das ideologias. Não devemos roubar nem permitir roubar. O Estado deve servir e não ser objeto de corporações que o exploram a custa do bem comum. As regras eleitorais devem ser claras e fiscalizadas intensamente pela justiça e, sobretudo, pela sociedade. Devemos implantar a tolerância zero na política. A ética na política é a base onde os homens de bem podem se entender para construir uma nossa política.
No momento em que o PT naufraga em meio a um mar de lama e quase todos os partidos são respingados, fica claro que vivemos um problema estrutural na arte de fazer política no país. O modelo faliu já que todos, inclusive os que se diziam mais honestos, foram pegos em meio à corrupção, advocacia administrativa e crime eleitoral.
A política, tal qual é feita no país, já não serve à sociedade. Devemos refundá-la. Generosamente, todos os políticos, liderados por Lula, deveriam renunciar aos seus mandatos. Em três meses teríamos eleições para uma assembléia nacional constituinte e começaríamos do zero. É um sonho, claro. Não sendo possível, talvez a solução é a reflexão e a mobilização. Para começar sugiro pensar: quem sabe, zerar o Congresso no ano que vem e renovar integralmente a sua composição?
Murillo de Aragão é mestre em Ciência Política, doutor em Sociologia pela UnB e analista sênior da Arko Advice (Análise Política)