Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 03, 2005

Negócio fechado em traingulação com Encol

o estado de s paulo


Registros de cartório obtidos pelo Estado revelam que a casa do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, em Ribeirão Preto foi comprada numa complicada triangulação com a extinta Construtora Encol. A transação lança dúvidas sobre a forma como Palocci pagou o imóvel.

A casa fica no bairro nobre da Lagoinha, tem 228 metros quadrados e pertencia ao industrial Ricardo Audi. Palocci se mudou em 1993, quando assumiu pela primeira vez a prefeitura de Ribeirão. Até então, morava num conjunto residencial num bairro de classe média baixa.

Em 1993, Palocci firmou com Audi um compromisso de compra. Segundo a certidão da casa, ele assumiu um financiamento contraído pelo industrial com a Encol, para compra de um apartamento em construção. Em troca, o então prefeito recebeu a casa. Mas a certidão indica que Audi fechou o acordo com a Encol três dias antes de repassar o financiamento.

Três anos depois, a casa foi registrada no nome de Palocci. O apartamento financiado continuou no nome de Audi até 14 de abril de 2000.

O industrial alega que queria trocar a casa pelo apartamento, mas a Encol não aceitava. Diz que então foi procurado por "um corretor" que ofereceu a troca com Palocci. "Não lembro o nome dele nem sabia que era do Palocci", assegura. "Eu, Palocci e a Encol fizemos um contrato. Não sei se ele quitou o apartamento, mas eu nunca morei lá. Era um investimento."

Audi disse não saber para quem vendeu o apartamento supostamente quitado por Palocci. Depois voltou atrás: "Dei em concessão de uma negociação ao advogado Brasil Salomão." Mas a transação não está registrada na matrícula do imóvel. Audi afirmou não lembrar quando ela ocorreu nem quis explicar que negociação fez com Salomão, que é advogado tributarista e amigo de Palocci.

Salomão confirma ter adquirido o imóvel, mas não se lembra de quem. "Fui procurado por uma imobiliária. Achei que era bom negócio."

OUTRO

Enquanto supostamente financiava o de Audi, Palocci pagava outro apartamento: avaliado em US$ 79 mil, começou a ser pago à Construtora Schahin em abril de 1992 e foi quitado em 1996, segundo registros da Schahin. Exatamente na mesma época que a casa de Audi foi registrada no nome de Palocci.

A certidão deste segundo apartamento mostra que Palocci o revendeu ao arquiteto João Paulo Pinheiro dois meses depois. Pinheiro nega tê-lo comprado de Palocci. "Eu era funcionário da Encol. A construtora tinha uma dívida comigo e me deu o apartamento em pagamento. Nem conheço o Palocci." Ele disse que só soube que o apartamento teria pertencido ao ministro quando foi fazer a escritura na Encol.



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