folha de s paulo
Um dos fundamentos essenciais das modernas democracias é a capacidade de discernimento da opinião pública. A segurança jurídica, a gestão das sociedades anônimas, o papel das agências reguladoras dependem de aspectos intrínsecos aos respectivos organismos, mas também à capacidade de discernimento da opinião pública.
Nos Estados Unidos, há uma sociedade civil organizada. Cada tema relevante tem grupos de interesse devidamente organizados, levantando argumentos de lado a lado e alimentando as discussões pela mídia ou por outros centros de discussão -como universidades e parlamento. No Brasil, à falta de organizações civis mais estruturadas, conferiu-se à mídia um poder e uma responsabilidade enormes. A opinião veiculada na mídia serve para alimentar recursos judiciários, controlar as agências reguladoras, influenciar decisões judiciais.
Todo o funcionamento da economia de mercado repousa nessa capacidade de discernimento. É o respeito ao discernimento, à correta compreensão dos fatos que define os limites de atuação da mídia. Pode-se ter opiniões sobre diversos temas -inclusive em disputas comerciais-, mas não se pode atropelar a lógica dos fatos, das leis e dos negócios. Se não se atua com discernimento, não há mais limites, tudo é permitido, inclusive o direito de matar.
Nos últimos anos, disseminaram-se pelo país as grandes disputas comerciais, entre grupos de investidores, recorrendo maciçamente à mídia, por meio de notas ou de reportagens maiores. O problema é quando esse tipo de jogo se dá fora dos parâmetros técnicos, como tem ocorrido com freqüência.
Com todos os problemas ocorridos nos últimos anos, há um jornalismo especializado capaz de identificar problemas de direitos de acionistas, direitos de controladores, abusos dos dois lados, assim como avaliar se as diversas agências reguladoras estão cumprindo a contento seu papel.
Tempos atrás, a "BusinessWeek" trouxe uma grande reportagem sobre a Motorola. Começava mostrando os problemas da empresa, dissecando um a um, mas com tal dureza que o leitor seria levado a concluir que a empresa estava liquidada. No momento seguinte, passava a palavra ao presidente da companhia, que apresentava argumentos tão consistentes que parecia que a empresa estava salva. Finalmente, o repórter apresentava suas conclusões, rebatendo alguns argumentos do presidente, aceitando outro. O leitor poderia se fiar nas conclusões do repórter. Mas tinha todos os elementos à mão para discordar, porque a reportagem não se limitava a apresentar conclusões, mas também a mostrar as premissas.
Nos últimos anos, houve uma tremenda sofisticação e um aumento de complexidade das disputas societárias. Um novo país nasceu, com novos atores econômicos, agências reguladoras -tendo que interagir com a opinião pública.
Esse modelo exige cada vez mais discernimento -compreensão dos aspectos técnicos e capacidade de julgar sem atropelar a lógica. Mas não estamos conseguindo cumprir a contento essa missão.
Entrevista:O Estado inteligente
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