" A semana, que começou meio morna, vai terminando cheia de novidades. No Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, foi aprovado por unanimidade o voto do relator propondo a cassação do mandato do deputado Roberto Jefferson, por quebra de decoro parlamentar.
Já nas CPIs dos Correios e do Mensalão, foi aprovado também por unanimidade o relatório parcial com a indicação de mais 18 deputados para terem o mandato cassado, por terem cometido inúmeros atos ilícitos, além da quebra do decoro parlamentar. O nome mais estrelado da lista é o do deputado e ex-ministro José Dirceu.
A CPI dos Bingos, por sua vez, ouviu o depoimento do irmão do prefeito de Santo André, Celso Daniel, assassinado em 2002, um crime até hoje muito mal explicado e que certamente joga o PT no centro de num esquema de corrupção envolvendo prefeituras paulistas. Santo André e Ribeirão Preto são apenas as mais notórias.
O irmão do prefeito assassinado não teve o menor problema em citar nomes de pessoas que, segundo ele, lideravam o processo de corrupção. E mais: disse mais uma vez, com todas as letras, que o atual chefe de gabinete do presidente da República, Gilberto Carvalho, era o encarregado de levar o dinheiro arrecadado pelo esquema de corrupção em Santo André para o deputado José Dirceu, então presidente do PT.
Mais uma vez, o deputado José Dirceu declarou que é tudo mentira e que está processando João Francisco Daniel. Vamos ver se desta vez o caso evolui para uma explicação minimamente convincente.
No governo Lula, mais uma demissão vem se juntar às inúmeras acontecidas desde que estourou a crise do mensalão: depois de prestar depoimento na CPI dos Bingos, ontem o chefe de gabinete do ministro Antônio Palocci, Juscelino Dourado, pediu demissão, aliás prontamente aceita pelo ministro.
A Polícia Federal, por sua vez, já decidiu indiciar quatro pessoas: o marqueteiro Duda Mendonça, o publicitário Marcos Valério, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-presidente do PT José Genoíno, por crime contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro. E a lista parece estar apenas no início.
Como se vê, por mais que exista um grupo de políticos tentando orquestrar uma operação abafa, as investigações estão caminhando.
Onde ainda estão todos patinando é na identificação das fontes que abasteciam as contas de Marcos Valério e outras contas. Quem pagou, quanto pagou e, principalmente, onde pagou, se foi aqui ou em paraísos fiscais.
Estas perguntas continuam sem resposta."