Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 10, 2005

FERNANDO RODRIGUES Crise de vida longa

FOLHA DE S PAULO
 BRASÍLIA - Até ontem à noite, era diminuta a chance de Severino Cavalcanti pedir licença de seu cargo de presidente da Câmara.
Se não mudar de idéia, a crise se arrastará até o final do ano, pelo menos. Na terça-feira, os partidos de oposição devem pedir abertura de processo contra Severino. A defesa pode consumir até 90 dias. Está no regimento da Casa. Chega-se quase à véspera do Natal.
A Câmara tenderá a ficar paralisada nesse período. Para o bem e para o mal. Não serão votados os arremedos de reforma política que tramitam por ali. Mas também devem entrar em banho-maria os casos dos deputados relacionados ao "mensalão".
Não é viável a Câmara cassar os deputados enrolados com o "mensalão" se outro acusado de receber "mensalinho" ainda não tem a sua situação esclarecida.
Há uma forma de abreviar a crise e apurar o caso de maneira objetiva. Basta o Bradesco fornecer rapidamente cópia do cheque que o empresário corrupto confesso diz ter repassado a um motorista de Severino.
Se ficar provado que o motorista de fato é o sacador do dinheiro, cairá o último argumento usado pelo presidente da Câmara -o de que não há evidências documentais, mas apenas acusações verbais.
Em Nova York, Severino já tenta se precaver para o caso de aparecer o cheque com o nome de seu motorista no verso. "O que eu tenho a ver com o cheque?", pergunta. Pode acabar sobrando para o motorista.
Se a Câmara aceitar a argumentação sobre a inexistência de provas materiais contra Severino, muitos dos 18 deputados envolvidos no PTgate já podem começar a soltar fogos de artifício. Menos da metade perderá mandato.
Será um fim melancólico para as CPIs. Um caso de "mensalinho" salvando vários de "mensalão".

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