Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, setembro 08, 2005

ELIANE CANTANHÊDE Os mentores

  folha de s paulo
BRASÍLIA - Quando o repórter Kennedy Alencar publicou na Folha, em 2004, que havia um acordo de Maluf com o Planalto e com o PT, foi um deus-nos-acuda. Maluf, o Planalto e o PT negaram, indignados.
Pelo acordo, Maluf apoiaria a candidatura de Marta Suplicy no segundo turno em São Paulo em troca do "esquecimento" de seu nome na CPI do Banestado. O relator era o deputado José Mentor, do PT.
Maluf de fato apoiou Marta e ficou fora do relatório da CPI. Um ano depois, dois mais dois viram quatro. O doleiro Birigüi apontou a conta "Eleven" da família Maluf no exterior, a PF disse que não havia surpresa e que a CPI do Banestado estava careca de saber da conexão Maluf-Birigüi-Eleven. Apesar de não haver uma só linha sobre isso no relatório final.
O resultado de toda essa lambança (para usar um termo "light") é que Marta foi derrotada, Maluf escapou da CPI do Banestado, mas não da PF e da possibilidade de prisão, e Mentor é um dos 18 denunciados pela CPI dos Correios, correndo sério risco de perda de mandato.
Os petistas não sabem o que pensar de tudo isso, nem em quem votar para presidente da sigla, nem em quem acreditar. José Mentor jura que recebeu R$ 120 mil do esquema Marcos Valério, bem na época da CPI do Banestado, por "estudos jurídicos". Tanto quanto João Paulo Cunha disse que a mulher foi pagar a conta da TV a cabo no dia em que ela pegou R$ 50 mil no Banco Rural. Aguardam-se agora as explicações para os 121 telefonemas de Delúbio Soares para a Presidência, 37 deles para a Casa Civil de Dirceu.
E Lula? Foi à TV dizer, em outras palavras, que mandou investigar esses traidores todos, que os escândalos são do Congresso, e não do governo, e que a economia vai bem, obrigado. Está convencido de que isso é o que interessa -a ele e ao eleitor de 2006.
Quem lhe diz isso é quem garante que o mundo é lindo, reina a paz e a reeleição está no papo.
Acredita quem quer.

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