Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, setembro 20, 2005

ELIANE CANTANHÊDE Bacharéis, bons moços... e daí?

folha de s paulo
 BRASÍLIA - Todos são ótimos, mas nenhum serve. É mais ou menos assim que caminha a sucessão de Severino Cavalcanti, que acertou ontem com Lula sua "meia volta, volver".
Michel Temer, ex-presidente da Câmara, formal, professor de direito, ainda é o mais adequado para dar um certo ar de seriedade. Mas o seu PMDB já tem o Senado, e ele é mais pró-tucanos do que Lula gostaria.
Osmar Serraglio, relator da CPI dos Correios, também é do PMDB, advogado e professor e surpreende bem na função. Mas como imaginar os líderes e ex-líderes cassáveis (Janene, Borba, Paulo Rocha...) orientando bancadas a seu favor? Improvável.
José Thomaz Nonô, atual vice-presidente, é outro da área jurídica. Promotor, atuante na Constituinte de 88 e, tanto quanto Temer e Serraglio, um político de palavras, não de caneladas. Mas ele é do PFL. O Planalto treme, o PSDB desconfia, o PMDB não quer ouvir falar. Não no candidato, mas no seu partido.
Pelo lado governista, dois outros bacharéis: Sigmaringa Seixas e José Eduardo Cardozo. Eles são do PT, mas do PT moderado, o que significa não ter apoio dos próprios petistas mais à esquerda. É só você pensar na briga de foice na eleição nacional do partido em São Paulo e transportar para Brasília. Entendeu?
Por essas e por outras, continuam pipocando nomes. O mais novo é o do ex-ministro da Coordenação Política Aldo Rebelo, que vai tentar reverter seus defeitos a favor. Vem de dentro do Planalto, mas foi despachado porque não era da turma. Excessivamente dócil, não incomoda ninguém e conversa com todos. É do periférico PC do B e, portanto, não ameaça os grandes (PT, PSDB, PFL e PMDB).
Quem tem muitos nomes não tem nenhum. É esse o caso, com uma diferença: depois do trauma Severino, a Câmara não quer brincar com fogo. Pode não sair um consenso, mas dá para apostar numa "disputa racional". Muitos advogados, nenhuma canelada, algum bom senso. A ver.

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