Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, setembro 15, 2005

EDITORIAL DA FOLHA DE S PAULO O PROBLEMA SEVERINO

 Com a apresentação da cópia de um cheque de R$ 7,5 mil que o empresário Sebastião Buani teria encaminhado como propina ao deputado Severino Cavalcanti, estreitou-se a margem de manobra do presidente da Câmara, que vem recorrendo a expedientes com vistas a prorrogar sua permanência no cargo. No cheque consta o nome da secretária de Severino, Gabriela Kenia S. S. Martins, o que é um forte indício do pagamento do chamado "mensalinho" ao parlamentar.
Por certo é necessário determinar a autenticidade do documento, tido como peça fundamental do inquérito, e verificar as circunstâncias em que ele teria sido pago, mas os sinais de corrupção, que já eram patentes, se tornaram ainda mais enfáticos. Alegações como a de que o cheque teria sido destinado ao filho de Severino, já morto, não vão mudar o fato de que, em termos políticos, a carreira do deputado à frente da Câmara está encerrada. Não conta ele com as mínimas condições de continuar exercendo tão relevante função.
Resta saber se o dito "rei do baixo clero" insistirá em alongar sua agonia, numa atitude que apenas acrescentará complicações a um cenário já crítico, ou se tomará a decisão de deixar o cargo. A perspectiva de uma mera "licença", a única que o deputado parece aventar, não representaria uma solução satisfatória. As circunstâncias exigem que a Câmara venha a ser presidida por um parlamentar com estatura e legitimidade para enfrentar os desafios da crise.
Setores importantes da oposição e representantes do governo já emitiram sinais de que a tendência, consumando-se o afastamento do atual presidente, seria optar pelo caminho da solução negociada. Com efeito, não faria sentido que se abrisse uma disputa conflituosa em torno da presidência da Casa.
Como comentou-se neste espaço, em editorial publicado no domingo, se os parlamentares pretendem dar uma resposta à altura do que a sociedade espera, precisam garantir a eleição de um sucessor que restaure a credibilidade do comando da Câmara. Isso significaria escolher num nome reconhecido pela probidade, pelo equilíbrio político e pela independência em face do Poder Executivo.

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