As revelações feitas pelo advogado Rogério Buratti em depoimento ao Ministério Público, em Ribeirão Preto, abalam o muro de proteção erguido em torno do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que até agora mantinha a área econômica do governo afastada do epicentro da crise. As primeiras reações no Congresso Nacional indicam que o ministro da Fazenda poderá entrar no rol de autoridades passíveis de investigação nos inquéritos parlamentares. Os líderes oposicionistas José Jorge (PFL-PE) e Arthur Virgílio (PSDB-AM) exigiram explicações do ministro e ameaçam convocá-lo a depor na CPI dos Bingos. Perplexos, Jorge e Virgílio lembraram que Palocci era até agora um dos poucos esteios ainda não abalados no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As revelações de Buratti se referem, por enquanto,a um suposto esquema de arrecadação ilegal de fundos de campanha e de atividades partidárias do PT no âmbito das prefeituras municipais administradas pelo partido em São Paulo e Minas Gerais. Buratti estaria, porém, implicado, em outros casos de corrupção. Documentação em poder da CPI dos Bingos - as quais incluem gravações telefônicas feitas com autorização judicial - mostram que Buratti pode ter tido também atuação nacional na área de influência do Ministério da Fazenda. Deve-se lembrar que o ex-assessor do ministro da Fazenda na prefeitura de Ribeirão Preto está depondo sob o benefício da delação premiada e que suas revelações não são denúncias, mas o testemunho de quem participou dos episódios que estão sendo investigados. Isso significa que Buratti está sendo confrontado com fatos provavelmente já documentados. Não faz sentido, portanto, considerar que ele precisa apresentar provas. A comprovação do que ele disse até agora, e que implica Palocci diretamente em casos de corrupção quando ele ainda não era ministro, caberá aos promotores responsáveis pelo inquérito em que foi chamado a depor depois de sua prisão no início da semana.
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