editorial |
O Estado de S. Paulo |
23/9/2008 |
Passado o entusiasmo inicial, o mercado financeiro descobriu que o mundo ainda não está salvo e que a aprovação do plano de US$ 700 bilhões apresentado sexta-feira pelo governo americano vai envolver negociações complicadas. O Executivo pede urgência ao Congresso, mas senadores e deputados, assim como os candidatos à presidência dos Estados Unidos, tentam faturar politicamente com a crise e também com a operação de socorro proposta pelo presidente George W. Bush e pelo secretário do Tesouro, Henry Paulson. Nenhum político importante se opõe ao uso de dinheiro público se for para evitar o pior, mas não faltam palpites sobre como executar a intervenção. O presidente do Comitê de Bancos do Senado, o democrata Christopher Dodd, fez circular um projeto de 44 páginas com uma porção de exigências. A proposta original do governo tinha duas páginas e meia. Nos demais países do mundo rico, nenhum governo se mostra disposto a adotar plano semelhante ao apresentado por Bush e Paulson. Todos os ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais parecem contentar-se com as formas de cooperação adotadas até agora - basicamente, ações concertadas para prover dinheiro às instituições em busca de financiamento. Nessa segunda-feira, uma teleconferência entre autoridades financeiras do Grupo dos 7 (G-7), formado por Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, Reino Unido, França e Itália, produziu apenas uma promessa de mais cooperação. Os governos do G-7, segundo um comunicado conjunto, continuarão a trabalhar pela estabilidade financeira internacional. Mas não é preciso seguir o exemplo do Tesouro americano, disseram os ministros de Finanças da Alemanha e do Japão. Seu colega britânico, Alistair Darling, anunciou planos de regulamentação mais eficientes do setor financeiro e defendeu a melhora da supervisão internacional. Mas essa supervisão é quase nula. O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco de Compensações Internacionais (BIS) têm emitido, ocasionalmente, sinais de alerta, mas sem efeito sobre a operação das instituições financeiras. A avaliação de risco é feita por agências famosas por sua capacidade de errar e de apontar os problemas com atraso. Além disso, nem sempre há segurança quanto à isenção dos avaliadores de riscos. A supervisão tem dependido quase exclusivamente de instituições como os bancos centrais, as comissões de valores mobiliários e as agências de regulamentação de seguros. Nos Estados Unidos, os bancos de investimento não eram sujeitos ao controle do Federal Reserve (Fed) e isso facilitou a formação da bolha de crédito. Já o Banco Central (BC) do Brasil tem sido especialmente eficaz na definição e na aplicação de regras ao setor financeiro, com poder de controle sobre bancos comerciais e outras instituições. Já adotava padrões mais severos que os seguidos em vários países desenvolvidos e em janeiro deste ano anunciou planos de imposição de regras ainda mais estritas. Como parte desse trabalho, acaba de pôr em discussão uma proposta de novas normas de avaliação de risco pelos bancos. Os controles brasileiros melhoraram muito desde a quebra de alguns grandes bancos nos anos 90 e da adoção do Proer, um programa de saneamento do setor financeiro. Os Estados Unidos também tiveram episódios importantes de insolvência no sistema financeiro. A diferença é que as autoridades brasileiras parecem ter aproveitado a lição das crises. O Banco Central do Brasil continua, portanto, trabalhando para elevar os padrões de segurança dos bancos e de outros intermediários financeiros, enquanto as autoridades americanas ainda tentam descobrir como vão executar o plano de socorro apresentado pelo Executivo na semana passada. Até ontem, havia dúvidas até sobre como serão fixados os preços dos ativos podres que o governo americano comprará. O Brasil está bem, mas não se deve subestimar a crise, observou nesta segunda-feira o presidente do BC, Henrique Meirelles. Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Nova York, disse não trabalhar com a hipótese de contaminação do Brasil. Graças a Deus, disse Lula, a crise dos Estados Unidos até agora “não atravessou o Atlântico”. De fato, não é fácil vir dos Estados Unidos ao Brasil por esse caminho. |
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
terça-feira, setembro 23, 2008
Enquanto o socorro não chega
Arquivo do blog
-
▼
2008
(5781)
-
▼
setembro
(500)
- Carlos Alberto Sardenberg
- do BLOG MIRIAM LEITÃO,
- Clipping do dia 30/09/2008
- Proer blindou o sistema bancário brasileiro
- O telefonema das 3h da manhã Paul Krugman
- Na contramão EDITORIAL O Globo
- Melhor prevenir EDITORIAL O Globo
- A segunda-feira negra
- Míriam Leitão - País sem governo
- Merval Pereira - A revolta dos conservadores
- Dora Kramer - Conversa de mudos
- Luiz Garcia - Dois chatos:McCain e Obama.
- Celso Ming - Prevaleceu o eleitoreiro
- Gustavo Loyola, "Voltamos para a estaca zero"
- Está tudo errado, diz Fernandes
- A grande mentira - Reinaldo Azevedo
- Crescer não é mais prioridade, diz Armínio
- Plano de ajuda não passa: um erro brutal nos EUA
- BRASIL JÁ PAGA A CONTA DA CRISE
- Alex, Fátima e a crise americana
- Clipping do dia 29/09/2008
- Clipping do dia 28/09/2008
- Clipping do dia 27/09/2008
- Vítimas Denis Lerrer Rosenfield
- Tempo perdido EDITORIAL O Globo
- Poucos arranhões - George Vidor
- Brincar com fogo Editorial Correio Braziliense
- A volta a Keynes e a insanidade dos mercados
- A febre demarcatória editorial O Estado de S. Paulo
- Folha ENTREVISTA - GILMAR MENDES
- A popularidade é um engodo (Giulio Sanmartini)
- Congresso dos Estados Unidos muda pacote para prot...
- Equador: Correa a caminho da ditadura
- Folha ENTREVISTA HENRIQUE MEIRELLES
- MARCOS LISBOA A crise e a reação
- FERREIRA GULLAR
- DANUZA LEÃO
- Nós e as crises Miriam Leitão
- Erro de prioridade
- Sabor de derrota Merval Pereira
- Mariano Grondona El largo viaje de la emulación al...
- Joaquín Morales Solá | Tejer y destejer en Nueva York
- João Ubaldo Ribeiro Não somos todos burros
- Daniel Piza
- Remover escombros Celso Ming
- Sindicatos ricos e fracos Suely Caldas*
- ''Caros amigos do Iraque, acordem!''Thomas F. Frie...
- Desempate vale o tri Dora Kramer
- O aumento da arrecadação federal
- O tiroteio na batalha final Gaudêncio Torquato
- A federalização do ensino básico Paulo Renato Souza
- Oportunidade na crise
- Putin se serve de Chávez
- Augusto Nunes-SETE DIAS
- Política é o caminho das águas - Antonio Carlos Ri...
- Lula e o escrivão -Ruy FABIANO
- Erros do pacote Miriam Leitão
- À beira do precipício Merval Pereira
- O que vem antes do pré-sal
- O pré-sal, a riqueza nacional e o PIB Paulo R. Ha...
- Capital para a Petrobrás Celso Ming
- O peso do contrapeso Dora Kramer
- VEJA Carta ao leitor
- VEJA Entrevista Joyce Pascowitch
- Diogo Mainardi Os americanos sempre ganham
- J.R. Guzzo
- LYA LUFT
- MIllÔR
- RADAR
- Gustavo Ioschpe
- Crise: o pacote salvador do governo americano
- Especial-Entrevista: Dominique Strauss-Kahn
- Dicionário da crise
- O novo papel do estado e a falta de liderança
- Agências de risco erraram feio
- Famílias perdem o teto
- A crise chegou ao luxo
- Nassim Taleb: contra a futurologia
- As escutas telefônicas da PF
- Recife Favorito é acusado de abuso de poder
- Porto Alegre Três mulheres contra o prefeito
- O governo contra a liberdade de imprensa
- Direitos humanos Entrevista com José Miguel Vivanco
- O populismo dos vizinhos inconvenientes
- De onde vem a inspiração dos assassinos
- África do Sul Lideranças decadentes
- Aids: a infecção entre jovens
- Washington Olivetto e o primeiro sutiã
- Gente
- A volta do coque
- O celular do Google
- O Brasil começa a levar a sério a força eólica
- Os benefícios da ioga para as crianças
- A vida festeira da família Dellal
- O bê-á-bá dos rankings
- A escolha da escola: faça as perguntas certas
- As melhores universidades
- Le Carré e o serviço secreto britânico
- Uma mostra fabulosa de Van Gogh
- Lua Nova, de Stephenie Meyer
-
▼
setembro
(500)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA