editorial |
O Estado de S. Paulo |
30/9/2008 |
O risco de uma crise financeira mais profunda e mais custosa para todo o mundo agravou-se desde ontem à tarde, quando o plano de socorro de US$ 700 bilhões proposto pelo presidente George W. Bush foi rejeitado por 228 votos a 205 na Câmara de Representantes dos Estados Unidos. Funcionários do Executivo e líderes partidários haviam negociado e reformulado o projeto em longas discussões durante o fim de semana. No domingo, a presidente da Câmara, deputada democrata Nancy Pelosi, havia anunciado um acordo. Haveria, segundo ela, apoio bipartidário ao projeto. Ontem à tarde, as cotações que já despencavam nas bolsas de valores desde antes do início da votação - transmitida pela televisão - aceleraram o ritmo de queda e uma nova onda de insegurança espalhou-se por todos os mercados. Votaram contra a proposta 133 deputados republicanos - dois terços da bancada governista - e 95 democratas e, a favor, 140 democratas e 65 republicanos. De manhã, o presidente Bush havia defendido uma ação “audaciosa” para impedir o agravamento da crise financeira. “Uma votação a favor da proposta servirá para evitar danos econômicos a vocês e à sua comunidade”, afirmou o presidente, dirigindo-se aos congressistas. Os deputados de seu partido não se mostraram tão audazes: preferiram seguir a tradição republicana, evitando mais uma grande intervenção no mercado e mantendo a retórica de proteção ao bolso do contribuinte. Mas apenas derrubaram o pacote, sem eliminar a crise nem tornar desnecessárias novas ações do governo. Prepararam um péssimo começo para o próximo presidente. Segundo Bush, o Congresso enviaria “um sinal forte aos mercados, em casa e no exterior”, se aprovasse a proposta. Com a rejeição, um sinal foi enviado, afinal, mas com a mensagem menos adequada ao momento. Na Europa e na Ásia as bolsas haviam fechado em queda, mais uma vez, pressionadas não só pela insegurança quanto à aprovação do pacote americano, mas também pela sucessão de novas notícias negativas. Na Europa, os governos da Bélgica, da Holanda e de Luxemburgo haviam posto mais de US$ 16 bilhões no Grupo Fortis NV, enquanto na Alemanha, governo e bancos ofereciam financiamento de até 35 bilhões de euros à holding Hypo Real, do setor imobiliário. Sem o pacote de US$ 700 bilhões e sem um plano de ação de amplitude semelhante, o governo americano só poderá agir no estilo dos europeus, tentando cuidar dos problemas caso a caso. Se esse for o caminho, a insegurança nos mercados tenderá a prolongar-se. Qualquer instituição poderá ser a próxima a balançar, pressionada por problemas de caixa e pelo acúmulo de créditos de baixa qualidade. O banco central americano poderá continuar agindo em conjunto com os da Europa e do Japão, oferecendo liquidez aos mercados e improvisando medidas de socorro. Uma plano amplo e ambicioso como aquele proposto pelo Executivo americano apresentaria, entre outras, a vantagem de tornar o cenário mais claro e de reduzir a incerteza no mercado financeiro. Por sua amplitude, foi saudado como um passo positivo pelo diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn. O plano americano, segundo ele, teria de ser apenas o começo de uma resposta geral à crise, mas já serviria, ao ser lançado, para “conter o incêndio” no mercado. O plano foi apresentado, na versão inicial, como uma idéia muito simples, exposta em apenas 2,5 páginas. No domingo, o projeto reformulado tinha 110 páginas e continha cláusulas de segurança para o Tesouro e de obrigações para as instituições beneficiadas pela ajuda. No fim da tarde, o Índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, fechou com queda de 6,19%. A queda, de 689 pontos, foi a maior de todos os tempos. Em São Paulo, o Ibovespa acumulava, no fechamento, uma baixa de 9,36%. Durante o pregão, havia chegado a cair mais de 13%. Esta reação dos mercados acionários pode não ser a pior conseqüência da rejeição do pacote. Se uma boa alternativa não for logo encontrada, o arrocho do crédito poderá aumentar desastrosamente na maior parte dos mercados, elevando o risco de uma ampla recessão. Diante disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria dar mais atenção ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e começar a levar mais a sério o perigo de contágio da economia brasileira. |
Entrevista:O Estado inteligente
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