O Estado de S. Paulo |
25/9/2008 |
A eleição municipal no Rio de Janeiro expõe todos os defeitos da política feita hoje na cidade que já foi capital e ainda é o cartão postal do Brasil: carência de lideranças de expressão nacional, adesismo governista em contraposição ao tradicional e salutar oposicionismo e, o mais grave, a infiltração da criminalidade no processo eleitoral. Mas, no tocante às finanças das campanhas, desmente o Barão de Itararé mostrando que, às vezes, de onde menos se espera pode realmente sair algo que se aproveite. Atrasada de um lado pelos motivos já citados, a eleição do Rio avança e dá o exemplo no quesito transparência. O jornal Valor em sua edição de ontem publicou a lista dos doadores de contribuições às campanhas dos sete candidatos, postas na internet bem antes do prazo exigido por lei, que é o fim da eleição. Seis deles abriram os nomes dos contribuintes e as quantias ofertadas, cabendo a exceção ao senador Marcelo Crivella, o único a recorrer ao velho argumento de que o sigilo protege o doador do “constrangimento”. Revelou o nome de algumas empresas sem informar os valores doados por elas e ponderou que, assim, está “dentro da lei”. O bispo, pelo visto, não entendeu o espírito da coisa. Não se trata de cumprir a lei aprovada dentro do possível permitido pela resistência do legislador - um coletor permanente. Trata-se, isso sim, de ultrapassar seus limites a fim de consolidar a melhor prática. Isso não resolve o problema do caixa dois, evidentemente. Neste, nem o financiamento público dá jeito. Mas, convenhamos, não deixa de ser um alento ver os candidatos da cidade plataforma de lançamento das novidades no Brasil lançando a moda desse bom costume. De uma vez só revisitam o pessimismo de Itararé, desmontam a consistência da alegação de “constrangimento”, reequilibram a balança até então pendente para o lado dos vexames e ainda dão um chega para lá no lema consagrado por Delúbio Soares em notória reunião do PT onde se discutiu a possibilidade de o partido pôr suas contas de campanha na internet já em 2004. “Transparência assim é burrice”, pontificou o então tesoureiro do PT, decidindo assim a votação em prol da obscuridade. Meses depois, o PT viria a padecer por ter feito a escolha esperta, porém, equivocada. Na ocasião, quem fez a proposta foi o ainda petista Chico Alencar, hoje candidato a prefeito pelo PSOL que lançou agora de novo a idéia com a imediata adesão do candidato do PV, Fernando Gabeira. Fica posto o padrão e o divisor: transparência é uma coisa; burrice, outra bem diferente. Qualquer dúvida, cartas aos 40 do mensalão devem ser endereçadas ao Supremo Tribunal Federal. Isonomia Se o Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco mantiver a cassação da candidatura do petista João da Costa à Prefeitura do Recife por abuso no uso da máquina administrativa, adversários dos protegidos por estruturas oficiais poderão buscar seus direitos na Justiça. Base legal não lhes falta, visto que a infração da lei eleitoral no dispositivo que veta o uso da máquina corre de forma aberta País afora. Nas capitais e grandes cidades, com grande visibilidade e aceita com naturalidade. O presidente da República põe a administração federal a serviço de seus preferidos; em São Paulo, Gilberto Kassab usa a prefeitura de forma desabrida; Márcio Lacerda, em Belo Horizonte, é carregado no andor das máquinas estadual e municipal; no Rio, o governo do Estado constrói Eduardo Paes e assim por diante, para citar só os casos mais vistosos. Conforme a decisão sobre Recife, ou se reinstala a legalidade geral ou se locupletam todos. Distância abissal O Palácio do Planalto animou-se muito com os índices de Dilma Rousseff para 2010, registrados na última pesquisa CNT/Sensus. A variação entre 8% e 12% deixaria a ministra em condição semelhante à do candidato a prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, que saiu em último e, com o apoio do prefeito e do governador de Minas, disparou em primeiro. Não é bem assim. Em Minas, além do eleitorado, Aécio Neves conta com a subserviência dos partidos, a simpatia da imprensa, a docilidade da Justiça, transita em ambiente acrítico. Mal comparando, o ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz era o rei de Brasília, elegeu-se senador e não resistiu a 15 minutos de exposição nacional. Renunciou. Vale-tudo No começo da campanha, Geraldo Alckmin e Gilberto Kassab trocavam amabilidades reconhecendo mutuamente a “legitimidade” de suas candidaturas. Agora se vê que o limite do “legítimo” localizava-se à beira do ringue onde ambos deixaram os floretes antes de subir armados de porretes. |
Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, setembro 26, 2008
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