Panorama Econômico |
O Globo |
30/9/2008 |
O grande problema hoje do mundo é a falta de liderança nos Estados Unidos. As bolsas podem se recuperar, o crédito voltaria a fluir algum dia, mas como interromper o clima de pânico que domina os mercados nas últimas horas se a maior economia mundial está desgovernada? George Bush já não governa nem mesmo o próprio partido. O mundo precisa interromper a escalada de medo. Depois de um dia trágico em todos os mercados, a economia mundial continua sob o domínio do pânico. Pânico, em economia, é o pior elemento. Ele provoca vendas desordenadas de ativos, reações irracionais. Isso sim é que quebra um sistema bancário, havendo ou não razão para isso. A torcida é para que hoje, feriado judaico nos Estados Unidos e sem votação no Congresso, as autoridades americanas se organizem minimamente. O economista Ilan Goldfajn acredita que um dos problemas é que a administração Bush e os defensores do projeto não conseguiram convencer, ainda, os integrantes do Congresso de que uma crise no mercado financeiro atinge brutalmente a economia real. - A bolsa é apenas o mais visível dos sinais da crise; o pior é invisível, mas mais letal: a paralisia no mercado de crédito. Ninguém empresta a ninguém hoje. Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, acha que o mercado está vivendo um movimento perigoso de desmonte de posições, e que ainda há chance de que se faça alguma coisa pelo Congresso. - Mas o tempo está ficando cada vez mais curto. O mercado está apostando que quarta-feira um novo projeto pode ser apresentado ao Congresso, desde que com modificações, mas a Câmara dos Deputados não tem sessão marcada antes de quinta. Os mercados financeiros estão dependurados num trapézio sem rede de segurança. - No fim de semana, bancos começaram a quebrar, como o Fortis, por exemplo. Se esse clima de incerteza continuar, não sei o que pode acontecer - diz Ilan. O economista Francisco Gros, da OGX, que já foi duas vezes presidente do Banco Central e vice-presidente do Morgan Stanley, acha que o problema principal é político. - Pode-se enviar uma nova versão da proposta, e, com uma negociação verdadeira, se aprovar um projeto nos próximos dias. Mas o problema é político: a animosidade no Congresso é tal que fica difícil aprovar qualquer coisa. No fim de semana, a presidente da Câmara dos Deputados, a democrata Nancy Pelosi, avisou que o projeto não era dos democratas; era um projeto do Executivo, da administração republicana. E lembrou que os democratas tinham trabalhado num sistema de cooperação, mas que a responsabilidade da aprovação seria dos republicanos. O recado implícito era "vote que o filho é teu", ou seja, se os republicanos não derem a cara para bater, votando projeto impopular a poucas semanas da eleição, não seriam os democratas a fazê-lo. Dos votos republicanos, 133 foram contrários ao projeto e 65 favoráveis - um deputado republicano não votou. Já da maioria democrata, foram 140 votos favoráveis e 95 contrários. Ontem, durante a votação, o presidente Bush, o seu vice, Dick Cheney, e o secretário do Tesouro, Henry Paulson, ligaram para os deputados republicanos, pedindo votos para a aprovação do projeto. Não conseguiram. Lá, como cá, existem os líderes e o baixo clero. O que foi acertado no fim de semana pelos líderes republicanos, não foi confirmado pelo baixo clero, que votou contra o projeto. Todos os governos chegam aos últimos meses sem força política; os que não vão fazer sucessor ficam ainda mais fracos, é o que parece que aconteceu nos Estados Unidos. Mas os que terminam em crise econômica é que são mais perigosos, porque deixam uma lacuna de poder que permite fatos como estamos vendo nos EUA. O último vestígio de poder do governo Bush foi usado, e queimado, no processo de enviar para o Congresso um pedido de ajuda ao setor financeiro. Se tivesse enviado um projeto menos insultuoso, teria tido mais sucesso. Um mesmo projeto não pode ser reapresentado depois que é rejeitado. Como hoje é feriado do Ano Novo judaico nos EUA, o melhor cenário é que líderes dos dois partidos e o governo fechem um acordo para uma nova proposta, que seria votada amanhã na Câmara. Só que o impacto negativo já atingiu o mercado financeiro mundial - antes da votação, os bancos centrais mundiais anunciaram mais US$620 bilhões para os mercados. Mesmo se acontecer o melhor cenário - com a aprovação deste novo projeto, a crise de desconfiança dos bancos do Primeiro Mundo contida e a recuperação do mercado financeiro americano - há o risco da recessão. E ele cresceu. A recessão não é um problema que desapareça da noite para o dia. A economia americana vai demorar um pouco a se recuperar, apesar da sua força. O primeiro ano do próximo governo será vivido em recessão. Além disso, como o problema que detonou as dificuldades dos bancos foi a queda do valor dos imóveis e eles continuam caindo, há o risco de a crise se aprofundar ainda mais. Tempos fortes. Tempos de emoções, de muita incerteza e do pior dos conselheiros econômicos: o pânico. |
Entrevista:O Estado inteligente
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