O Globo |
29/9/2008 |
A economia brasileira ainda é uma das menos afetadas pela estrondosa crise no sistema financeiro americano, mas na última semana os bancos por aqui resolveram cruzar os braços, à espera dos acontecimentos lá fora. Com isso, o crédito minguou sob alegação que as fontes de financiamento haviam secado no exterior, tornando mais cara a captação de recursos internamente. Essa desaceleração do crédito era tudo que as autoridades monetárias brasileiras gostariam que ocorresse há poucos meses, quando os índices de inflação se mostravam ameaçadores e o remédio seria esfriar a demanda por bens e serviço - a a forma clássica para tal é o encarecimento dos financiamentos, com elevação das taxas de juros e redução dos prazos de pagamento. Mas em um contexto de crise aguda no centro financeiro do mundo a paralisação do crédito certamente seria perigosa, pois o Brasil não tem necessidade de pisar fundo no freio mas sim tirar o pé do acelerador. Sem descuidar do objetivo de trazer a inflação para o ponto central (4,5%) da meta estabelecida pelo governo, as autoridades monetárias terão agora que ficar muito atentas ao comportamento do crédito. O próprio mercado deve moderar suas operações de crédito daqui para frente porque as instituições financeiras, por precaução, vão diminuir sua alavancagem (total de vezes, em relação a seu capital e reservas, a que estão autorizadas a emprestar). O setor financeiro trabalha de fato é com recursos de terceiros e se os poupadores se retraírem por algum motivo - mesmo puramente psicológico - as instituições podem ficar penduradas no pincel, sem escada, caso tenham emprestado muito. Esse movimento, que não deve se alterar enquanto perdurar a crise financeira lá fora, por si só ajudará a diminuir as pressões sobre os preços internos e a evitar que o desequilíbrio nas contas externas (mercadorias e serviços) se acentue. Ou seja, a economia brasileira poderá continuar crescendo a um ritmo de 4% ao ano, sem que isso nos cause uma grande dor de cabeça. Estudo que o economista Cláudio Frischtak preparou para o Fórum Nacional Especial, organizado pelo ex-ministro Reis Velloso semanas atrás, analisa o cenário da América do Sul e tem uma observação interessante: este ano, impulsionada pelos preços elevados do petróleo, a Venezuela passa a Argentina como segunda maior economia do continente. Ainda assim, a economia brasileira continuará correspondendo a cinco vezes o tamanho do Produto Interno Bruto de cada um desses dois países vizinhos. Programas de qualidade total se difundiram por empresas do Rio Grande do Sul e chegaram também à administração estadual (que adotou um programa permanente). Exemplo prático do que isso significa para os cofres públicos: torneiras das escolas estaduais foram substituídas por válvulas que fecham automaticamente após alguns segundos, eliminando o desperdício; a economia feita com a conta de água foi da ordem de R$4 milhões. O gasto com energia também caiu. A Gafisa, empresa tradicional do mercado imobiliário carioca que há alguns anos mudou a sede para São Paulo - e de lá passou a comandar seus negócios em todo o Brasil - voltou a ter um braço importante no Rio, encarregado de cuidar de projetos também em Vitória e Belo Horizonte. O grupo passou a ter unidades de negócios independentes; eventualmente a área de construção pode abrir mão de edificar um lançamento proposto pelo pessoal da incorporação, e vice-versa. Essa estrutura decorre de a empresa ter hoje seu capital pulverizado no mercado (o maior acionista é um fundo de investimento americano que detém uma participação de 19%; esse fundo é parceiro da GP Investimentos - antigo controlador da Gafisa - no negócio de shopping-centers. Quando ainda se chamava Gomes de Almeida, Fernandes, a Gafisa foi uma das promotoras da expansão da Barra da Tijuca na direção do Recreio dos Bandeirantes, ao lançar os condomínios Nova Ipanema e Novo Leblon. Agora o grupo, por meio de uma associação com a Odebrecht chamada Bairro Novo e, mais recentemente com a compra da Tenda, está entrando no mercado das classes C e até D, diversificando suas operações, antes concentradas nas classes A e B. O Superintendente de Seguros Privados, Armando Vergílio, tem procurado tranqüilizar o mercado, negando que haja qualquer possibilidade de acontecer no Brasil algo parecido como o que ocorreu nos Estados Unidos onde seguradoras locais entraram em dificuldades porque tinham parte de suas reservas técnicas aplicadas em títulos de crédito hipotecário de alto risco. Aqui a aplicação das reservas é muito rígida e controlada pela Susep, e não envolve títulos de crédito que possam deixar de ser honrados se houver atrasado no pagamento dos financiamentos que motivaram a emissão desses papéis. Alertar o mercado sobre isso é necessário porque no momento as pessoas ficam ressabiadas depois de tomar conhecimento que tradicionais instituições financeiras americanas se tornaram capengas. |
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
segunda-feira, setembro 29, 2008
Poucos arranhões - George Vidor
Arquivo do blog
-
▼
2008
(5781)
-
▼
setembro
(500)
- Carlos Alberto Sardenberg
- do BLOG MIRIAM LEITÃO,
- Clipping do dia 30/09/2008
- Proer blindou o sistema bancário brasileiro
- O telefonema das 3h da manhã Paul Krugman
- Na contramão EDITORIAL O Globo
- Melhor prevenir EDITORIAL O Globo
- A segunda-feira negra
- Míriam Leitão - País sem governo
- Merval Pereira - A revolta dos conservadores
- Dora Kramer - Conversa de mudos
- Luiz Garcia - Dois chatos:McCain e Obama.
- Celso Ming - Prevaleceu o eleitoreiro
- Gustavo Loyola, "Voltamos para a estaca zero"
- Está tudo errado, diz Fernandes
- A grande mentira - Reinaldo Azevedo
- Crescer não é mais prioridade, diz Armínio
- Plano de ajuda não passa: um erro brutal nos EUA
- BRASIL JÁ PAGA A CONTA DA CRISE
- Alex, Fátima e a crise americana
- Clipping do dia 29/09/2008
- Clipping do dia 28/09/2008
- Clipping do dia 27/09/2008
- Vítimas Denis Lerrer Rosenfield
- Tempo perdido EDITORIAL O Globo
- Poucos arranhões - George Vidor
- Brincar com fogo Editorial Correio Braziliense
- A volta a Keynes e a insanidade dos mercados
- A febre demarcatória editorial O Estado de S. Paulo
- Folha ENTREVISTA - GILMAR MENDES
- A popularidade é um engodo (Giulio Sanmartini)
- Congresso dos Estados Unidos muda pacote para prot...
- Equador: Correa a caminho da ditadura
- Folha ENTREVISTA HENRIQUE MEIRELLES
- MARCOS LISBOA A crise e a reação
- FERREIRA GULLAR
- DANUZA LEÃO
- Nós e as crises Miriam Leitão
- Erro de prioridade
- Sabor de derrota Merval Pereira
- Mariano Grondona El largo viaje de la emulación al...
- Joaquín Morales Solá | Tejer y destejer en Nueva York
- João Ubaldo Ribeiro Não somos todos burros
- Daniel Piza
- Remover escombros Celso Ming
- Sindicatos ricos e fracos Suely Caldas*
- ''Caros amigos do Iraque, acordem!''Thomas F. Frie...
- Desempate vale o tri Dora Kramer
- O aumento da arrecadação federal
- O tiroteio na batalha final Gaudêncio Torquato
- A federalização do ensino básico Paulo Renato Souza
- Oportunidade na crise
- Putin se serve de Chávez
- Augusto Nunes-SETE DIAS
- Política é o caminho das águas - Antonio Carlos Ri...
- Lula e o escrivão -Ruy FABIANO
- Erros do pacote Miriam Leitão
- À beira do precipício Merval Pereira
- O que vem antes do pré-sal
- O pré-sal, a riqueza nacional e o PIB Paulo R. Ha...
- Capital para a Petrobrás Celso Ming
- O peso do contrapeso Dora Kramer
- VEJA Carta ao leitor
- VEJA Entrevista Joyce Pascowitch
- Diogo Mainardi Os americanos sempre ganham
- J.R. Guzzo
- LYA LUFT
- MIllÔR
- RADAR
- Gustavo Ioschpe
- Crise: o pacote salvador do governo americano
- Especial-Entrevista: Dominique Strauss-Kahn
- Dicionário da crise
- O novo papel do estado e a falta de liderança
- Agências de risco erraram feio
- Famílias perdem o teto
- A crise chegou ao luxo
- Nassim Taleb: contra a futurologia
- As escutas telefônicas da PF
- Recife Favorito é acusado de abuso de poder
- Porto Alegre Três mulheres contra o prefeito
- O governo contra a liberdade de imprensa
- Direitos humanos Entrevista com José Miguel Vivanco
- O populismo dos vizinhos inconvenientes
- De onde vem a inspiração dos assassinos
- África do Sul Lideranças decadentes
- Aids: a infecção entre jovens
- Washington Olivetto e o primeiro sutiã
- Gente
- A volta do coque
- O celular do Google
- O Brasil começa a levar a sério a força eólica
- Os benefícios da ioga para as crianças
- A vida festeira da família Dellal
- O bê-á-bá dos rankings
- A escolha da escola: faça as perguntas certas
- As melhores universidades
- Le Carré e o serviço secreto britânico
- Uma mostra fabulosa de Van Gogh
- Lua Nova, de Stephenie Meyer
-
▼
setembro
(500)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA