Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 27, 2008

O bê-á-bá dos rankings

Depois de Enem, Saeb e Ideb, CPC e IGC são as duas novas

siglas criadas pelo Ministério da Educação (MEC) para se
referir a avaliações do ensino – ambas recém-divulgadas.


Monica Weinberg 
mweinberg@abril.com.br

Montagem sobre fotos de Photodisc e Rubberball

O fato de já haver tantas dessas aferições sobre a qualidade da educação no Brasil – em todos os níveis – é um grande avanço. Sem tais medições, julgar o padrão de uma escola se limitaria a uma tarefa impressionista. Até hoje, no entanto, esses indicadores são pouco usados. Em parte porque, diante da miríade de siglas, as pessoas desconhecem os propósitos de cada uma. A pedido de VEJA, um grupo de especialistas explica neste Guia o objetivo das seis avaliações oficiais. Eles fazem ressalvas quanto às suas aplicações e mostram em que situações os rankings são de fato úteis num momento que costuma ser difícil para pais e estudantes: a escolha de uma escola ou uma faculdade em meio a tantas disponíveis.

NO ENSINO BÁSICO

Enem (Exame Nacional do Ensino Médio)

Objetivo: testar os conhecimentos dos concluintes do ensino médio em todas as disciplinas 
Periodicidade: anual 
Por que é útil 
• Permite saber o nível de um aluno em comparação à média dos estudantes e aos campeões na prova 
• Funciona como alternativa ao vestibular em 600 faculdades, que já consideram a nota no exame em seus processos de seleção 
• É o único indicador que produz um ranking de escolas particulares
A palavra dos especialistas: como a inscrição para o exame é voluntária, o ranking das escolas pode não refletir a realidade. Se apenas os melhores alunos fazem a prova, a média naturalmente sobe. É melhor consultar as notas dos colégios "com correção de participação", cálculo que o MEC divulga justamente para atenuar eventuais distorções


Prova Brasil

Objetivo: avaliar nas escolas públicas as habilidades dos estudantes de 4ª e 8ª séries em leitura e resolução de problemas matemáticos 
Periodicidade: a cada dois anos 
Por que é útil
• Mostra em que lugar do ranking se situa uma determinada escola 
• Compara o resultado dos 5 564 municípios brasileiros
• Permite acompanhar a evolução do ensino nos municípios
A palavra dos especialistas: ao consultar na internet a média das escolas na Prova Brasil, é possível saber muito mais sobre um colégio. O MEC divulga, entre outros indicadores, as taxas de aprovação e o número de professores com curso superior que dão aula lá


Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica)

Objetivo: aferir o nível de estudantes de ensino fundamental e médio em português e matemática. As provas são aplicadas a uma amostra das escolas públicas e particulares
Periodicidade: a cada dois anos
Por que é útil 
• Compara a qualidade da educação nos estados 
• Permite acompanhar a evolução do nível de ensino em cada estado
A palavra dos especialistas: como o Saeb é aplicado apenas a uma amostra dos alunos, não serve para comparar o desempenho individual ou o dos colégios – apenas fornece informações sobre as redes de ensino


Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica)

Objetivo: conferir às escolas públicas notas de zero a 10 com base nas taxas de aprovação e nos resultados dos estudantes em exames oficiais. A partir daí, o MEC estabelece metas para o avanço de cada escola
Periodicidade: a cada dois anos 
Por que é útil 
• Compara o nível do ensino nas escolas, tal qual a Prova Brasil – só que aplicando um indicador mais completo
• Resulta em rankings de ensino para estados e municípios
• Permite acompanhar a evolução da educação no país 
A palavra dos especialistas: o Ideb sobressai aos demais indicadores porque, com base nele, o MEC traça metas concretas para o avanço do ensino numa escola ou num município, o que facilita a cobrança de resultados por parte dos pais. Não há nada parecido para colégios particulares

 

ELA FUGIU DO MAU ENSINO
Antes de se inscrever no vestibular de enfermagem, a estudante Estela Duarte, 22 anos, hoje na Unifesp, procurou saber quais eram as melhores em sua área: "Fugi das faculdades mal colocadas nos rankings"

 

NO ENSINO SUPERIOR

CPC (Conceito Preliminar de Curso) 

Objetivo: avaliar os cursos de graduação de uma mesma área
Periodicidade: as carreiras são avaliadas a cada três anos
Por que é útil 
• Ranqueia os cursos por carreira 
• É um parâmetro para o MEC cobrar a qualidade mínima dos cursos – e fechá-los, se for preciso 
A palavra dos especialistas: o novo indicador reuniu medidores mais antigos, entre eles um que afere o nível da infra-estrutura e dos professores. Esses dados só importam, no entanto, quando contribuem para bons resultados acadêmicos – e isso só o Enade (prova aplicada aos estudantes) é capaz de medir. Daí ser melhor consultar apenas a nota no exame do que olhar para o CPC


IGC (Índice Geral de Cursos) 

Objetivo: avaliar as instituições de ensino superior – e não os cursos. Para tal, reúne indicadores de qualidade da graduação e da pós-graduação 
Periodicidade: anual 
Por que é útil 
• Informa em que lugar do ranking se situa uma universidade
A palavra dos especialistas:
 é melhor olhar para os índices de graduação e pós-graduação separadamente. O dado desagregado é mais preciso, uma vez que nem sempre a qualidade desses dois níveis de ensino é igual numa mesma universidade

 



Fotos Ana Araujo e Otavio Dias

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