O Globo |
30/9/2008 |
São 3h da manhã, no início de 2009, e o telefone da Casa Branca, de repente, toca. Vários fundos de hedge estão prestes a implodir, diz a voz do outro lado da linha, e certamente haverá caos quando o mercado entrar em operação. Em quem você confiaria para atender esse chamado? Não estou sendo melodramático. O pacote de ajuda divulgado no domingo é bem melhor do que o proposto por Henry Paulson (secretário do Tesouro dos EUA) inicialmente - o suficiente para merecer ser aprovado. Mas não se trata do que se chamaria de um bom pacote, e ele não vai encerrar a crise. As chances são de que o próximo presidente terá de lidar com grandes emergências financeiras. Portanto, o que sabemos sobre a aptidão dos dois homens com mais chance de atender o telefonema? Bem, Barack Obama parece bem informado e sensível às questões econômicas e financeiras. John McCain, por outro lado, me assusta. Sobre Obama, é uma pena que ele não tenha mostrado mais liderança no debate sobre a conta do pacote financeiro, deixando o tema nas mãos de democratas do Congresso, principalmente Chris Dodd e Barney Frank. Mas tanto Obama quanto eles estão cercados por conselheiros de grande conhecimento e experientes administradores de crise, como Paul Volcker e Robert Rubin. E há o assustador McCain, mais assustador agora do que era há algumas semanas. Sabemos há algum tempo, claro, que McCain não sabe muito sobre economia, o que não importaria muito se ele tivesse bom gosto ao escolher seus conselheiros, mas não tem. Seu mentor em economia e uma provável escolha como secretário do Tesouro é Phil Gramm, que se dedicou a evitar a vigilância sobre os derivativos financeiros quando era senador - os mesmos instrumentos que derrubaram Lehman e AIG, e deixaram o mercado de crédito à beira de um colapso. Em grande parte, a baixa qualidade dos assessores de McCain reflete o estado intelectual lamentável do partido. Mas até Bush, no crepúsculo de seu governo, voltou-se a pessoas relativamente sensíveis para tomar decisões: não sou fã de Paulson, mas ele representa uma melhora substancial em relação ao seu antecessor. A real revelação das últimas semanas, no entanto, é de quão errática é a visão de McCain em economia. Em 15 de setembro, declarou que "os fundamentos de nossa economia são fortes" - um dia depois que o Lehman faliu e o Merrill Lynch foi comprado, e a crise financeira entrou em uma nova e mais perigosa etapa. Três dias depois, afirmou que os mercados financeiros da América tinham se tornado "um cassino" e que demitiria o chefe da Securities and Exchange Commission (SEC, o órgão regulador dos mercados americanos), o que não está entre as atribuições do presidente. McCain encontrou então um novo grupo de vilões: as companhias hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac, com apoio do governo. E acusou moralmente outros políticos, inclusive Obama, de estarem sob influência financeira das duas; mas descobriu-se que a firma de um gerente de sua própria campanha era paga por Freddie até o mês passado. Quando Paulson anunciou seu plano, McCain entrou fortemente no debate. Mas admitiu dias depois que não tinha lido o documento, de apenas três páginas. A economia moderna é um lugar perigoso. E não é o perigo que pode ser enfrentado só falando grosso e denunciando os malfeitores. McCain tem a capacidade de julgamento e o temperamento para lidar com essa parte do emprego que ele busca? |
Entrevista:O Estado inteligente
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terça-feira, setembro 30, 2008
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