O Estado de S. Paulo |
17/9/2008 |
O fundo do poço, na política, tem mola. Já devolveu à luz muita gente dada como perdida, ejetou o presidente Luiz Inácio da Silva incólume da crise do mensalão e, apenas por essa peculiaridade, seria precipitado vaticinar que o PSDB chegou lá para ficar. Talvez o eleitor não tenha entendimento tão rigoroso a respeito do que se passa com os tucanos na eleição municipal de São Paulo, mas certamente há de ter uma sensação de estranheza diante de um partido que escolhe brigar consigo mesmo na eleição municipal mais importante do País. Isso às vésperas de uma campanha presidencial em que esse partido terá de enfrentar os 64% de aprovação popular do presidente Lula, com a pretensão de lhe arrebatar a prerrogativa de eleger o sucessor. Trata-se de dar conta de um recado gigantesco, qualquer um percebe a olho nu. Qualquer um menos as experientes e aparentemente alfabetizadas excelências da matriz do tucanato. Cegas e surdas às óbvias conseqüências do engalfinho em que se enfiaram na disputa pela Prefeitura de São Paulo, nessa altura dariam sorte se ficassem mudas. Pelo menos teriam uma chance de não destruir por completo todos os argumentos para convencer o eleitorado brasileiro a dar a era Lula por encerrada a partir de janeiro de 2011. No momento, o PSDB está enterrando seu discurso para a campanha presidencial na curva da eleição paulistana. E o problema não é o que o candidato oficial do partido, Geraldo Alckmin, diz do postulante no paralelo, Gilberto Kassab, muito menos o que ambos falam a respeito da oponente petista, Marta Suplicy. Aliás, nada soa mais falso hoje na boca de um correligionário de Alckmin ou de Kassab que a assertiva sobre o PT ser “o verdadeiro inimigo”. Marta, no máximo, é uma adversária. O xis da questão está nas incongruências autodestrutivas do PSDB. Não interessa quem cometeu o pecado original: se Alckmin ao insistir na candidatura, se José Serra ao não fazê-lo desistir, se as inteligências partidárias ao deixarem as coisas correrem frouxas, por inércia ou atrito de ambições. Importa o resultado. E este expõe o seguinte cenário: o candidato oficial do PSDB bate pesado na administração comandada de fato pelo mais provável candidato do partido à Presidência e elogia o presidente do qual o partido se diz opositor. Uma amostra recente do horário eleitoral de São Paulo é suficiente. No programa propriamente dito, Alckmin aponta como exemplos da terra arrasada patrocinada por Kassab a Saúde e a Educação, duas pastas ocupadas por tucanos; no comercial, o candidato critica o PT, mas ressalva: “Lula, tudo bem”. Ora, se com “Lula, tudo bem”, se com a máquina da prefeitura administrada pelo PSDB tudo vai mal, se o partido se deixa conduzir sem reclamar (por tolice ou oportunismo) ao terreno do adesismo, é de se perguntar: qual razão teria o eleitor para discordar? E assim vai o PSDB gastando patrimônio com bobagem, fechando os poucos espaços abertos ao contraditório, deixando órfão o eleitorado divergente. Por nada Nas altas esferas tucanas há quem aconselhe o governador José Serra a fazer uns agrados a Minas Gerais. Não ao mundo oficial nem ao exclusivamente social; mas a uma esfera intermediária, representativa (pelo menos supostamente, na visão paulista) do “espírito mineiro”. Uma idéia seria Serra visitar Itamar Franco para dizer muito obrigado pelo que o ex-presidente fez em prol da entrada dos medicamentos genéricos no mercado. “Ele não fez nada”, acrescenta o conselheiro, lembrando que agradecer também não custa nada e para um candidato fica muito simpático. União civil Em vias de perder o controle sobre a cidade do Rio de Janeiro, o DEM não está nem aí para a derrota da deputada Solange Amaral, candidata do prefeito Cesar Maia. Se título de eleitor carioca tivesse, gente poderosa do partido presidido por Rodrigo Maia (deputado federal, filho do prefeito) confessa: votaria sem pestanejar em Eduardo Paes, candidato do governador Sérgio Cabral. Nada, porém, na vida ocorre por acaso. Cria política de Cesar, ex-secretário-geral do PSDB, Paes foi ungido ao posto sob a proteção de José Serra e hoje está no PMDB, cuja adesão à candidatura Gilberto Kassab incluiu compromisso de apoio a Serra em 2010. Acerto por ora restrito à seção paulista do partido. Eduardo Paes é amigo do peito de Aécio Neves, um evidente espelho para o dândi que Sérgio Cabral resolveu incorporar depois de anos à procura de um modelo. Em trajetória descendente no Rio - eleitoral e partidariamente falando -, o PSDB quer entrar na campanha presidencial com um patrimônio não muito inferior a 30% dos votos. No início apostou no apoio a Fernando Gabeira, mas já está convencido de que peixe na quantidade necessária só dá no mar do Palácio Guanabara. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quarta-feira, setembro 17, 2008
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