Lauro Jardim
• OPERAÇÃO NAVALHA
Múcio e Zuleido
Duas semanas atrás, quando a empreiteira Gautama ainda dava alegria a muita gente (e não só alegria), José Múcio Monteiro comemorava. O motivo? O petebista Múcio, líder do governo na Câmara, conseguiu a liberação de recursos federais para uma obra na Lagoa do Náutico, em Jaboatão dos Guararapes (PE). E, claro, a imaculada empreiteira de Zuleido "Charles Bronson" Veras foi a escolhida para tocá-la.
• BRASIL
Quem procura acha
O TCU autorizou uma auditoria no Plano Nacional de Reforma Agrária. O pedido, feito pelo ministro Raimundo Carreiro, é justificado por causa dos "escândalos de corrupção, invasões de propriedades e outros fenômenos absolutamente nocivos".
Nem com malabarismo
Mesmo com todas as maquiagens feitas e todos os malabarismos possíveis, oito estados continuam encrencados e não conseguiram se adequar à Lei de Responsabilidade Fiscal. As contas relativas a 2006 desses estados permanecem no vermelho.
Vendedor de sabonetes
Anthony Garotinho agora está vendendo sabonetes. E livros. E perfumes. E uma lista infindável de coisas. O ex-governador mandou fazer um catálogo e reuniu 5 000 vendedoras país afora para vender seus produtos de porta em porta. Montou também um site, com o mesmo nome de seu programa diário de rádio (Palavra de Paz), para vendê-los via internet. Um assessor estimou que seus ganhos alcancem 200 000 reais por mês. Garotinho não é, porém, empresário em tempo integral. Desistiu, por ora, de ser presidente e garante que disputará o governo do Rio de Janeiro em 2010. |
• MINAS GERAIS
De olho em São Paulo
Começam em quinze dias as obras de uma nova estrada que ligará Belo Horizonte a São Paulo. Aécio Neves assina na segunda-feira com o consórcio Equipav o contrato da primeira PPP (parceria público-privada) do país para rodovias. Um investimento de 650 milhões de reais. Vai ter gente dizendo que a estrada será construída para Aécio ir a São Paulo de carro fazer campanha para a eleição a presidente em 2010.
• ECONOMIA
Conversa entre grandes
É um negócio difícil de ser fechado. Mas o fato é que continuam as negociações entre a Unipar e a Suzano. A Unipar está oferecendo algo próximo a 1,3 bilhão de reais pela área petroquímica de sua concorrente.
Vendas boas em terra...
As montadoras estão entre a depressão e a euforia. A valorização quase diária do real freia as exportações. Mas o mercado interno está uma maravilha: é recorde sobre recorde. Em maio, até quinta-feira passada, 114 000 carros foram vendidos. Prevêem-se mais de 200 000 emplacados até o fim do mês. Em maio de 2006, foram 164 000.
...e no ar
Mais do que aquecido também está o mercado de jatos executivos, turboélices e monomotores. A Líder, por exemplo, já vendeu 25 desses aviões entre janeiro e maio. Em todo o ano passado, foram 26. São brinquedinhos caros: entre 3 milhões e 6 milhões de dólares cada um.
A emergência da classe C
O último relatório da Nielsen no segmento de biscoitos traz uma alteração de peso no ranking nacional. A Nestlé perdeu para a Marilan a segunda posição em volume de biscoitos vendidos. Como os biscoitos da Marilan são mais baratos, destinados a um público de poder aquisitivo mais baixo, a Nestlé continua na vice-liderança em faturamento.
As vaquinhas do senador Roriz
Bois e vacas não reinaram sozinhos na ExpoZebu, feira agropecuária que se realizou duas semanas atrás em Uberaba. Outra grande atração foram os políticos-criadores, sempre dispostos a tirar muito dinheiro do bolso nos leilões. Estima-se que o senador Joaquim Roriz tenha gasto 3 milhões de reais em vaquinhas. |
• CERVEJA
Negócio (quase) fechado
A Femsa (que fabrica a Kaiser e a Sol) acaba de perder a terceira colocação no setor para a Petrópolis (fabricante da Itaipava), mas acha que já tem à mão a arma para a reação. Deve ser anunciada em breve, muito breve, a venda de cerca de 15% da Femsa Brasil aos engarrafadores de Coca-Cola. O objetivo do negócio para a Femsa é surfar na onda da excelente distribuição da Coca Brasil afora.
A disputa é no gogó 1
Nem Pagodinho, nem Temporão. Uma pesquisa do Ibope, ainda inédita, revelou que os brasileiros estão divididos quanto à proibição de anúncios de bebidas, conforme pretende o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Para 51%, os comerciais devem, sim, restringir-se ao horário proposto, entre 8 da noite e 8 da manhã. Mas 45% acham que a publicidade tem de ser livre – o que ajuda Zeca Pagodinho a faturar em paz seu 1,8 milhão de reais anuais com propaganda de cerveja. Com o país dividido assim, os dois lados precisam refinar os argumentos.
A disputa é no gogó 2
Um dado curioso é que o jogo começa a desempatar quando os pesquisadores do Ibope lembram que a proibição será semelhante à que já ocorreu com os cigarros – ou seja, total. Nesse caso, 54% acham que não deveria haver restrições, enquanto apenas 43% julgam que a imposição do horário seria a melhor opção. A faixa etária mais favorável ao "liberou geral" é justamente a dos jovens entre 16 e 24 anos: 68% não querem restrições.
• LIVROS
A Sextante cresce
A Sextante acaba de comprar 50% da Intrínseca, uma pequena editora carioca. Recentemente, a Intrínseca acertou na mosca com A Menina que Roubava Livros, que há onze semanas é o segundo livro de ficção mais vendido do Brasil. Já se esgotaram 45 000 exemplares e uma tiragem de 60 000 será distribuída em breve. Foi uma daquelas tacadas raras de repetir: os direitos do livro de Markus Zusak foram comprados por 7 500 dólares. Até agora, o livro faturou 1,8 milhão de reais. Em menos de três meses, 450 000 líquidos foram para os cofres da editora. Nem a Bovespa é páreo para essa menina...
• TELEVISÃO
Nem pensar
Tom Cavalcante, que está tentando renovar seu contrato com a Record, mandou alguns sinais de fumaça para a Globo. "Não", foi a resposta da emissora.
Com Jan Theophilo
e-mail: ljardim@abril.com.br
Foto Ricardo Benichio