Entrevista:O Estado inteligente

domingo, fevereiro 18, 2007

ELIANE CANTANHÊDE Fantasias

BRASÍLIA - Há pessoas que estão sempre cercadas por uma mítica que vai, volta, sempre se auto-alimentando. Dois exemplos são o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães e o ex-ministro, ex-deputado, ex-presidente do PT e ex-muitas outras coisas José Dirceu.
Qualquer um que queira acusar o próprio Lula, o governo e sobretudo o Itamaraty de "antiamericanista" aponta o dedo para Samuel. É como se ele fosse um ente ditando a política externa, manipulando Lula e Amorim pró-Chávez, anti-Bush.
Será? De verdade, há o fato de Samuel ter uma longa história de beligerância contra os EUA -ou contra o império, para ficar num termo bem ao gosto da geração dele. Mas nada indica que ele tenha tanto poder assim no governo ou mesmo na definição da política externa. Pode ser ouvido daqui e dali pelo amigo Amorim, mas o negócio de Samuel é tomar conta da Casa. Ele promove, enxuga daqui, incha dali. E é cheio de manias. Afinal, mito que é mito é excêntrico.
Quanto a Dirceu, o onipotente, diz-se que elege presidentes, nomeia ministros, dita políticas, faz e desfaz no PT. Será? De verdade, há o fato de que Dirceu realmente tem força e fidelidades no partido. Mas nada indica que tenta tanto uma coisa como outra no governo -sobretudo no gabinete presidencial.
Vira e mexe, manda bilhetinho para um ministro: "Precisamos isso..." Depois, para outro: "Temos que...". Os ministros recebem, olham, não sabem o que fazer.
E Arlindo Chinaglia não consegue entender por que atribuíram tanta importância a Dirceu na sua eleição na Câmara. Quando Dirceu era o homem forte do governo, quase não se falavam. Agora teriam ficado tão próximos? Improvável.
Samuel e Dirceu pairam sobre o governo, e ninguém consegue responder se são tão poderosos como parecem, se foram mitos criados pela imprensa ou se, na verdade, eles é que alimentam a fantasia.

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