Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, março 02, 2006

ELIANE CANTANHÊDE Sem mágica BRASÍLIA

FOLHA
- Água fria na expectativa geral, especialmente do PSDB e do PFL, de que José Serra anunciasse hoje ou amanhã sua intenção de trocar a Prefeitura de São Paulo pela candidatura presidencial.
Serra foi a Buenos Aires, voltou e avisou que não vai anunciar nada. Nem sim nem não. Tudo continua na mesma, com Serra indeciso e Alckmin dizendo que está determinadíssimo. Para os que têm pressa na definição, porém, Serra está cada vez mais candidato, e a impressão é que Alckmin já esteve mais determinado do que está neste momento.
De qualquer forma, Alckmin não perdeu e não perde nada colocando seu nome na disputa. Ao contrário, só lucra. Governou o principal Estado do país, tornou-se uma das duas opções presidenciáveis de um dos quatro maiores partidos brasileiros, é uma espécie de herdeiro de Mário Covas, que deixou boa marca. Não é pouco para um político tão jovem.
A questão é saber o que vai acontecer daqui em diante, caso Serra anuncie que vai ser candidato e a cúpula do PSDB tiver de tirar Alckmin da jogada. Quem vai fazer isso? Com que argumento? E, principalmente, com que proposta alternativa? Se Serra não for candidato, continua prefeito da principal capital. Se Alckmin não for, o que vai fazer?
Ele disse durante meses que só sairia dos Bandeirantes para concorrer à Presidência, do contrário, ficaria até o fim do mandato para ser o principal soldado da candidatura escolhida. Depois, com o andar da carruagem e o esgarçar das relações com Serra, recuou e passou a dizer o contrário: que sairá de qualquer forma.
Se não concorrer ao Planalto, vai sair para quê? Para disputar o Senado com o emblemático Eduardo Suplicy, que está acima do próprio PT?
Quanto mais o tempo passa, mais a situação se complica. Os tucanos imaginam Tasso Jereissati desembarcando em São Paulo com uma cartola ou uma varinha na mão. Mas, em política, como nas relações humanas, mágicas nem sempre funcionam.

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