Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, março 01, 2006

Editorial da Folha de S Paulo QUEM BANCA LULA

Os extremos das classes sociais estão unidos pela política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O banqueiro e o sertanejo pobre demonstram regozijo com os rumos do governo. E retribuem, cada qual segundo sua capacidade. A intenção de voto em Lula não seria a mesma sem o Bolsa-Família. Pior estaria o caixa petista não fossem as doações das instituições financeiras.
Os lucros dos grandes bancos no Brasil nunca foram maiores que em 2005. Ao menos para essas instituições valeu a predição lulista do início do ano passado: "Não tem por que 2005 não ser o ano mais importante da década neste país". A política econômica fez a sua parte, ao tomar dos contribuintes R$ 157 bilhões e repassá-los ao seleto clube dos credores da dívida pública. Lá estão os bancos, seja multiplicando o próprio patrimônio, seja partilhando dos ganhos de clientes, mas sempre lucrando.
Não é possível omitir a importância dos juros básicos altos e da carência de regras e fiscalização públicas nos elevadíssimos ganhos dos bancos com empréstimos. Nada mais natural que as instituições financeiras tenham assumido a condição de principais doadores de recursos para o PT ao longo da gestão Lula. O movimento se deu à custa do PSDB, num indício cabal de isenção ideológica da doação bancária.
Na outra ponta da escala social, o assistencialismo de Lula para com os mais pobres segue firme. Bolsa-família e congêneres custam menos de 5% da fatura com juros da dívida pública e beneficiam fatia muito maior de brasileiros (30 milhões). Seu efeito sobre a chance reeleitoral de Lula é claro. Dos 9 pontos percentuais que a intenção de voto no presidente galgou no último Datafolha, 6,3 vieram de pessoas que participam -ou têm familiar que participa- de programas sociais do governo.
Esse modelo pode até ser eficiente para sustentar a finança e a chance eleitoral petista. Mas ele trava o emprego e a renda, os esteios de uma sociedade capitalista. Nessa toada, o contingente dos desesperados aumentará na proporção da conta dos juros. E um dia a banca vai quebrar.

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