A Petrobras gasta dinheiro público
e de acionistas em revista do MST
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Carlos Rydlewski
Renoir Sampaio/AE![]() |
| Nas tetas do Estado: com anúncio oficial (à dir.), fica mais fácil invadir |
A estatal Petrobras usa dinheiro dos contribuintes e de seus 160.000 acionistas para financiar a queda do estado de direito e a violação da propriedade privada. A empresa publicou quatro anúncios publicitários na revista Sem Terra, do MST, grupo que abomina a livre-iniciativa e acha que os direitos dos brasileiros não passam de caprichos burgueses. Os anúncios custaram 45.500 reais e foram publicados em quatro edições da revista ao longo de 2005. Maior empresa brasileira, a Petrobras informou, em nota, que os anúncios tiveram como objetivo "alcançar um público formador de opinião como professores, profissionais liberais, sindicatos urbanos, partidos políticos e apoiadores internacionais, além do público-alvo – camponeses, agricultores e sem-terra". A estratégia de comunicação da Petrobras é uma afronta a seus acionistas, que, ao comprar ações em bolsa de valores, tiram proveito das mesmas virtudes de um mercado que os sem-terra lutam para destruir. Na última edição da revista de 10.000 exemplares, o anúncio da Petrobras, que louva as qualidades da estatal como patrocinadora de cultura, convive com páginas que emanam ódio a qualquer tipo de atividade lucrativa. Responsável por 37% dos 118,3 bilhões de dólares exportados pelo Brasil no ano passado, o agronegócio, por exemplo, é definido como uma espécie de cancro, uma vez que prioriza o envio de "grãos para os países ricos, enquanto o povo não tem acesso fácil aos produtos da cesta básica". A revista também não poupa críticas ao governo Lula, acusado de "desorganizar o pólo contrário ao neoliberalismo".
Os anúncios da Petrobras, criticados em artigos do professor Denis Lerrer Rosenfield, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), são apenas mais um mimo oficial que o petismo deu ao MST à custa do dinheiro público. Um relatório da CPI da Terra, concluída em novembro do ano passado, aponta indícios de irregularidades em repasses públicos da ordem de 15 milhões de reais entre 2003 e 2004, principalmente dos ministérios do Desenvolvimento Agrário, da Educação e da Saúde, para cooperativas de assessoria técnica e educacional ligadas ao MST. Alguém duvida que esse dinheiro tenha sido usado para financiar invasões?