Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, janeiro 11, 2006

ROGÉRIO GENTILE Serra x Alckmin

FOLHA



SÃO PAULO - Geraldo Alckmin deu um nó na estratégia de José Serra ao fazer lances públicos e tão incisivos na disputa pela candidatura do PSDB à Presidência.
No seu mundo ideal, Serra pretendia disseminar a idéia de que foi convocado a enfrentar Lula mesmo contra a sua vontade. Esperava ser "convencido" a concorrer por manifestações públicas e apelos de correligionários. Sua candidatura seria quase um ato cívico diante da falta de alternativa viável.
Com Alckmin ativo e barulhento, no entanto, Serra fica sem discurso para se proteger do desgaste de largar a Prefeitura de São Paulo com apenas um ano e alguns meses de mandato e após ter dito de modo categórico que não faria isso. Fica ao relento, exposto à crítica de que privilegia na política a ambição pessoal.
Embora lidere as pesquisas, nada garante que sua eventual saída será bem assimilada. Uma coisa é o cidadão, fora do período de campanha eleitoral e sem grandes reflexões, dizer que prefere o tucano no Planalto.
Outra é avaliá-lo após constatar que ele mentiu ao declarar que não entregaria o cargo ao pefelista Gilberto Kassab, um vice praticamente anônimo e sobre quem recaem suspeitas de enriquecimento ilícito.
A cena da falsa promessa seria usada e repetida na propaganda política da mesma forma que foi a de Paulo Maluf garantindo que nunca mais disputaria uma eleição se Celso Pitta não fosse um bom prefeito.
As conseqüências são difíceis de prever, embora seja evidente que o desgaste à sua eventual candidatura dependerá também do modo como Lula chegará à eleição. Se a popularidade presidencial estiver corroída, pouco importará o que Serra disse ou não disse. Mas, se Lula for um candidato viável, a mentira poderá ter um peso significativo nas urnas.

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