Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Editorial da Folha de S Paulo

PRIVATIZAR ESTRADAS

As notícias do início da chamada operação tapa-buraco nas rodovias nacionais evidenciam, de modo anedótico, a sua orientação eleitoreira e paroquial. O ministro Jaques Wagner, petista que pretende disputar o governo da Bahia, foi a Salvador para lançar o programa de remendos em rodovias locais. Wagner é titular das Relações Institucionais, mas agora lida com asfalto.
Se os políticos fazem festa, o usuário das estradas não tem muito a comemorar. Os benefícios das obras, realizadas no pior período do ano (a chuva atrapalha a operação e faz proliferar ainda mais as crateras), terão vida curta. Em seis meses os buracos tapados na Fernão Dias (que liga São Paulo a Minas) estarão de volta, prevê um técnico que a Folha convidou para avaliar os trabalhos.
Estarão de volta -e a depauperação da malha seguirá seu ritmo habitual- porque o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, repetindo seus antecessores, foi incapaz de gestar um modelo mais estável para financiar esses investimentos.
Há estradas federais cujo fluxo de veículos as torna atrativas para o setor privado. Considere-se, por exemplo, todo o eixo de circulação de pessoas e cargas que vem de Belo Horizonte e segue até a Argentina, passando pelas mais populosas regiões metropolitanas brasileiras. É injustificável a lentidão em privatizar ao menos as principais dessas vias.
Onde não há atratividade para a iniciativa privada, deveriam ser acionados mecanismos como as PPPs (Parcerias Público-Privadas), que barateiam o dispêndio de verba pública. Mas essa promessa dos primórdios do governo Lula está emperrada.
O Estado brasileiro padece de restrição fiscal há décadas. O Orçamento não assegura dinheiro para ampliar nem manter a infra-estrutura rodoviária. A solução é abrir com radicalidade o setor à iniciativa privada. Que o tema figure com destaque na campanha presidencial.

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