Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, janeiro 11, 2006

IGOR GIELOW Jangada de pedra

FOLHA


BRASÍLIA - O Haiti, como outros tantos destinos dos chamados capacetes azuis da ONU, é mais um daqueles lugares em que a entrada excita e traz promessas de prestígio, mas a saída é a única preocupação dos que lá estão. Não haveria de ser diferente para o Brasil, não menos pela inexperiência com comando desse tipo de missão. Do Líbano a Ruanda, passando pelos Bálcãs, quantas vezes vimos países mais "crescidos" internacionalmente passando apuros ou vexames? A morte do general Bacellar, independentemente da causa, apenas jogou holofotes sobre o problema. O fato é que a missão no Haiti não resolverá o problema crônico de corrupção, brigas de poder, violência sectária na ilha. É um remendo, como de resto quase todas as missões da ONU o são. Resta administrá-lo. O sonho duvidoso da cadeira no Conselho de Segurança levou o Brasil para esse pequeno atoleiro, apesar das historinhas sobre solidariedade com povos amigos e responsabilidade regional -até porque ela, no caso, é muito mais dos Estados Unidos, que passaram a bola por estarem sobrecarregados com o Iraque. A triste constatação é que, com o tempo, o Brasil acabará pulando fora da aventura, outros a assumirão, ou a ONU desistirá, pura e simplesmente. Tanto faz. Em qualquer caso, os haitianos continuarão à deriva em sua ilha, soltos pelo Caribe.

E a campanha está na rua. Nos Estados, a cara-de-pau eleitoreira da operação tapa-buracos do governo federal já começou a render dividendos. Jaques Wagner deveria pedir demissão imediatamente. Não dá para engolir um ministro de Estado que em tese deveria cuidar de relação com os outros Poderes participando de lançamento de obra no Estado em que pretende disputar a eleição para governador.
Na disputa presidencial, tanto Serra quanto Alckmin usarão obras (reais ou fictícias). Lula ontem usou o FMI como cabo eleitoral. E estamos em janeiro.

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