FOLHA
Lula entrou em 2006 recitando números. De empregos, das reservas, do risco-país, do Bolsa-Família. Na entrevista ao "Fantástico" e nos eventos diários da programação reeleitoral. "Na numerologia das realizações, fizemos muito mais", declarou o ministro Jaques Wagner. "Os tucanos que apresentem seus indicadores."
Não chega a ser uma estratégia de campanha. Como tudo mais neste governo, o plano de guerra ainda está em disputa. De conversas com cinco auxiliares diretos do presidente se extraem quatro roteiros distintos para chegar ao segundo mandato. O quinto auxiliar se confessa perdido.
Recém-embarcado no navio de Lula, o marqueteiro João Santana reprovou os termos da negociação conduzida pelo Palácio do Planalto com a Rede Globo, que terminou por levar ao ar a mais defensiva performance do presidente em três anos de muito palanque e poucas entrevistas.
Visivelmente contrariado com o nível de questionamento a que foi submetido, Lula só saiu das cordas no segundo e último bloco, quando lhe permitiram declamar seus números.
Por ora, o amontoado de cifras é um meio de jogar a bola para o mato. O entrevistador pergunta "mensalão". O presidente responde "transferência de renda". A CPI diz "valerioduto". O ministro devolve "biodiesel".
De quebra, serve como argumento para quem tende a apoiar, mas ainda está com vergonha. Sobre o escândalo em curso, o simpatizante de Lula poderá dizer: "Era tudo mentira". Ou, se menos lunático: "Não era tudo isso". Acrescentando: "E o homem ainda criou 3.600.999.888.777 empregos!".
Com a vantagem adicional de que os números -verdadeiros, falsos ou simplesmente retirados de contexto- não serão desmentidos por ninguém. A oposição teria de ser muito tola -hipótese sempre a considerar- para se dedicar a essa tarefa. Aceitar a agenda do adversário é erro básico e quase sempre fatal em campanhas. E a imprensa, ao menos por enquanto, está ocupada demais com o escândalo para se importar.
O problema da "numerologia" wagneriana é que, ao contrário da que consta do dicionário, parece pouco capaz de "influenciar o destino e o comportamento" dos que se declaram decididos a não votar em Lula de jeito nenhum, um contingente que, no final do ano passado, aproximava-se de metade do eleitorado.
Para o eleitor, a robustez do dado importa menos que a credibilidade de quem o enuncia. Lula pode ir ao "Fantástico" e rezar um terço de números favoráveis à sua administração. Os 47% (Sensus de novembro) continuarão a enxergar a palavra "mensalão" escrita na testa do presidente.
A esta altura, a pergunta essencial de qualquer pesquisa sobre a sucessão é: "você acha que o presidente merece continuar, ou que já teve sua chance e agora deve dar vez a outro?". Algo assustadora para quem atingiu um patamar malufista de rejeição.
Como qualquer outra taxa, essa não é estática. A rejeição pode refluir tanto por obra de acertos de Lula como de erros dos adversários. Mas, caso se cristalize, ele ficará recitando números sozinho -ou para os mesmos, o que, do ponto de vista de suas chances no segundo turno, dá na mesma.
Entrevista:O Estado inteligente
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