"Foi dada a largada. A entrevista do presidente Lula ao Fantástico, no primeiro dia do ano, foi também o primeiro ato da campanha eleitoral de 2006.
E o mais interessante é que o presidente fez questão de dizer que ainda não sabe se vai ser candidato, não está com pressa para anunciar a decisão, declara que tem até o meio do ano para se decidir.
E mais: se for do interesse das forças políticas que o apóiam, o presidente não vê problema em se candidatar à reeleição.
Foi um curioso ato de campanha, em que o candidato enfatizou o tempo todo o lado "anticampanha".
Lula brinca de gato e rato com a oposição, chacoalhando o sistema nervoso de seus adversários. É uma tática bastante inteligente, quando se sabe que o presidente é candidatíssimo.
Mas ele não precisa mesmo ter a menor pressa. Afinal, Lula não precisa desincompatibilizar-se para concorrer à reeleição. Ao não se declarar candidato, o presidente se preserva o máximo possível, enquanto seus adversários se contorcem para saber quem é que vai enfrentá-lo.
Este é que é o verdadeiro problema. Já sabemos que Lula não será candidato único. Mas ninguém sabe direito ainda quem vai ser seu principal adversário.
A oposição não pode demorar muito para fazer esta escolha, porque a campanha já está na rua, inaugurada pelo próprio presidente.
Enquanto estiver sozinho no páreo, Lula poderá seguir em frente, viajando, fazendo seus discursos, sendo entrevistado em programas altamente populares, como é o Fantástico, por exemplo, calibrando a imagem que vai apresentar ao eleitorado. Pelo jeito, ele vai de "Lula, o pai dos pobres".
Esta é uma decisão muito delicada. Tendo em vista os lucros estratosféricos obtidos pelos bancos durante os três primeiros anos do governo, tendo em vista também o apoio entusiástico do mercado financeiro, graças a estes juros pornográficos praticados pelo governo Lula.
Os marqueteiros do presidente precisam ficar atentos, porque Getúlio Vargas, o primeiro presidente a cultivar a imagem de "pai dos pobres", acabou conhecido também como "a mãe dos ricos"."
Enviada por: Ricardo Noblat