blog da Helena Chagas
LULA NAS ENTRELINHAS
Não chegou a ser fantástica a entrevista do Lula do Fantástico ontem à noite. A rigor, nada de muito novo foi dito. O mais interessante, a meu ver, não esteve exatamente no conteúdo de suas afirmações, e nem nas palavras. Foi a postura, o jeito, a forma de se colocar, enfim, tudo o que foi possível ler (ver?) nas entrelinhas. Para mim, muita coisa ficou clara dessa forma. Por exemplo:
1. Lula é candidato, candidatíssimo, mais candidato não podia ser. A conversa de que terá até o meio do ano para se decidir é um bom lero, que lhe serve muito bem para se preservar. Vai sendo candidato sem dizer que é candidato, e aí pode usar e abusar de uma candidatice não oficial, ou seja, sem a vigilância da Justiça e da opinião pública.
2. Só que não vai dar pra segurar muito não. É que o presidente não precisa se desincompatibilizar para concorrer, mas os outros sim. Ou seja, se Lula não for candidato e tiver que indicar um outro em seu lugar, este sujeito, que dificilmente será alguém de fora do governo, terá que deixar o cargo até 31 de março. Por exemplo, Ciro Gomes, que hoje é ministro. E aí, explode coração!!!!!!!!
3. Lula mostrou claramente qual será seu discurso de campanha. A economia vai ser o carro-chefe de tudo, e ele vai insistir o tempo todo em comparar números de seu governo com os do tucanato - e em matéria de crescimento, emprego e distribuição de renda, ele parece estar na frente. Assim, acha que dá um jeito de escapar daquele tema desagradável da corrupção. Bom, a estratégia é essa, nitidamente. Se vai colar, não sabemos.
4. Não é por nada não, mas interpreto a afirmação de que o PT cometeu um erro incomensurável e vai ainda sangrar muito não como uma crítica do presidente ao partido, mas sim como uma forma de proteger a legenda pela qual se recandidatará. É bom lembrar que, na entrevista, Lula fez questão de separar o que considera o joio do trigo. O tempo todo falou que o PT é muito grande, que não se pode punir uma família inteira pelos erros de alguns de seus membros, etc etc etc. Tentou o tempo todo salvar uma parte boa do PT, enquanto entregava a ruim.
5. O ponto fraco foi mesmo, como sempre, o mensalão. E será o ponto fraco da campanha. Certo é que, como presidente da República, ele tem que ser cauteloso com o que diz, não pode acusar sem provas, etc. Mas que houve pagamentos indevidos a parlamentares em troca de mudança de partido e outros demonstrações de apoio político, isso houve, e está claro. Então, por mais que custe a Lula, já era hora de reconhecer isso. E bater, condenar, criticar, crucificar quem esteja envolvido. Do contrário, esse discurso de que nada aconteceu vai acabar se voltando contra ele. Para preservar sua credibilidade, o presidente precisa entregar a césar o que é de césar. E aí terá muito mais autoridade para defender seu governo de outras acusações que podem ser de fato infundadas.
De qualquer forma, Lula não se saiu mal. Foi uma entrevista de candidato, um dos primeiros atos de uma ofensiva de mídia que o presidente vai fazer a partir de agora, com entrevistas, viagens, inaugurações e muito palanque. Tudo antes de a campanha começar de verdade.
Não chegou a ser fantástica a entrevista do Lula do Fantástico ontem à noite. A rigor, nada de muito novo foi dito. O mais interessante, a meu ver, não esteve exatamente no conteúdo de suas afirmações, e nem nas palavras. Foi a postura, o jeito, a forma de se colocar, enfim, tudo o que foi possível ler (ver?) nas entrelinhas. Para mim, muita coisa ficou clara dessa forma. Por exemplo:
1. Lula é candidato, candidatíssimo, mais candidato não podia ser. A conversa de que terá até o meio do ano para se decidir é um bom lero, que lhe serve muito bem para se preservar. Vai sendo candidato sem dizer que é candidato, e aí pode usar e abusar de uma candidatice não oficial, ou seja, sem a vigilância da Justiça e da opinião pública.
2. Só que não vai dar pra segurar muito não. É que o presidente não precisa se desincompatibilizar para concorrer, mas os outros sim. Ou seja, se Lula não for candidato e tiver que indicar um outro em seu lugar, este sujeito, que dificilmente será alguém de fora do governo, terá que deixar o cargo até 31 de março. Por exemplo, Ciro Gomes, que hoje é ministro. E aí, explode coração!!!!!!!!
3. Lula mostrou claramente qual será seu discurso de campanha. A economia vai ser o carro-chefe de tudo, e ele vai insistir o tempo todo em comparar números de seu governo com os do tucanato - e em matéria de crescimento, emprego e distribuição de renda, ele parece estar na frente. Assim, acha que dá um jeito de escapar daquele tema desagradável da corrupção. Bom, a estratégia é essa, nitidamente. Se vai colar, não sabemos.
4. Não é por nada não, mas interpreto a afirmação de que o PT cometeu um erro incomensurável e vai ainda sangrar muito não como uma crítica do presidente ao partido, mas sim como uma forma de proteger a legenda pela qual se recandidatará. É bom lembrar que, na entrevista, Lula fez questão de separar o que considera o joio do trigo. O tempo todo falou que o PT é muito grande, que não se pode punir uma família inteira pelos erros de alguns de seus membros, etc etc etc. Tentou o tempo todo salvar uma parte boa do PT, enquanto entregava a ruim.
5. O ponto fraco foi mesmo, como sempre, o mensalão. E será o ponto fraco da campanha. Certo é que, como presidente da República, ele tem que ser cauteloso com o que diz, não pode acusar sem provas, etc. Mas que houve pagamentos indevidos a parlamentares em troca de mudança de partido e outros demonstrações de apoio político, isso houve, e está claro. Então, por mais que custe a Lula, já era hora de reconhecer isso. E bater, condenar, criticar, crucificar quem esteja envolvido. Do contrário, esse discurso de que nada aconteceu vai acabar se voltando contra ele. Para preservar sua credibilidade, o presidente precisa entregar a césar o que é de césar. E aí terá muito mais autoridade para defender seu governo de outras acusações que podem ser de fato infundadas.
De qualquer forma, Lula não se saiu mal. Foi uma entrevista de candidato, um dos primeiros atos de uma ofensiva de mídia que o presidente vai fazer a partir de agora, com entrevistas, viagens, inaugurações e muito palanque. Tudo antes de a campanha começar de verdade.