Entrevista:O Estado inteligente

domingo, janeiro 08, 2006

ELIANE CANTANHÊDE A bilhões por hora

FOLHA
BRASÍLIA - Enquanto ministros, assessores e parlamentares dizem que Lula só vai decidir se é ou não candidato em março, a campanha dele já está na rua, a mil por hora. Ou melhor, a bilhões por hora.
A primeira semana do ano marcou claramente o lançamento da candidatura de Lula à reeleição em outubro. Serão R$ 32 bilhões para investir, mais de R$ 400 milhões para tapar buracos que terão de ser tapados de novo em 2007, e o Planalto ameaçou os usineiros até de confisco pelo aumento do álcool combustível.
Tudo isso tem duplo sentido. É governo, mas é também campanha, especialmente aliado aos anúncios regionais sobre os feitos do governo federal e milhões de jornaizinhos de autopromoção entre funcionários. Tudo isso é o quê? Campanha.
O marqueteiro já está escolhido e até o discurso está pronto: Lula não sabia de nada dessas coisas horríveis de "mensalão", Marcos Valério e privilégio a bancos privados; foi traído pelos velhos companheiros do PT; tem sido eficiente na economia e faz maravilhas para os pobres -como convém às suas origens, às suas promessas e à marca do seu partido.
São dois alvos: os pobres e a classe média que espera um governo "voltado para o social". No mínimo, segura-se aquele um terço do eleitorado que saiu do PT entre dezembro de 2004 e de 2005 e evita-se que caia no PSDB, ou sabe-se lá no quê.
Francisco Whitaker é bom exemplo: ligado à Igreja e a movimentos sociais, de transparência e de direitos humanos, saiu do PT insatisfeito e decepcionado, mas pode até votar em Lula. Por quê? Por achar que ele, apesar de tudo, faz um governo mais social, é o "mal menor".
Lula, pois, caiu do pedestal e deixou de ser mito, mas pode se beneficiar da "falta de alternativa". Cabe a seus adversários mostrarem que ela existe. Para isso servem as campanhas.
E eles que fiquem espertos, porque tanto Lula é candidato que até já encomendou a nova faixa presidencial. Para ele, claro.

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