Uma China mais equilibrada
A revisão completa das estatísticas nacionais, realizada pelo governo chinês, obviamente não torna a economia da China maior nem mais dinâmica do que já é. Mas contém revelações, muitas delas impressionantes, que forçarão a mudança dos prognósticos pessimistas sobre o desempenho econômico do país, que vinham sendo feitos nos últimos tempos. Mais confiáveis do que os conhecidos até agora, os novos dados mostram que a economia chinesa é maior do que se pensava. Eles confirmam que a China é fortemente dependente de seu comércio exterior, mas também revelam que essa dependência é menor do que se imaginava. Assim, a eventual desaceleração da economia dos países industrializados terá efeito menos intenso sobre a China do que se previa. E a constatação, de acordo com as novas estatísticas, de que o setor de serviços tem um peso maior no PIB chinês do que se supunha mostra a existência de um mercado doméstico vigoroso. A grandiosidade de alguns dados revelados pelo governo chinês deve deixar ainda mais preocupados os que, no Ocidente, já viam o país como séria ameaça à economia mundial. O PIB chinês de 2004, por exemplo, de acordo com as novas estatísticas, é de US$ 1,97 bilhão, ou quase US$ 300 bilhões maior do que fora anunciado algum tempo atrás. A diferença corresponde a tudo o que, isoladamente, países como Áustria, Turquia ou Indonésia conseguem produzir em um ano. Por conta dessa revisão, a Chinas se torna a sexta maior economia do mundo. Se se confirmar a previsão de crescimento de cerca de 9% do PIB chinês em 2005, ela ultrapassará a França e também o Reino Unido, tornando-se a quarta maior potência econômica do planeta, atrás dos Estados Unidos, do Japão e da Alemanha. Mas mais relevante do que a mudança da posição da China entre as maiores economias do mundo é outra conseqüência da revisão das estatísticas do país. Trata-se do entendimento que se terá da economia chinesa. O que os dados mostram é que a economia, embora ainda tenha muitos problemas e enfrente riscos, se tornou mais diversificada, mais robusta, mais equilibrada e mais resistente a crises externas. Não foi o setor exportador, mas o setor de serviços, cuja fatia na economia chinesa passou de 31,9% para 40,7%, o principal responsável pela correção do tamanho do PIB. O peso proporcionalmente maior dos serviços no PIB mostra um país com um mercado doméstico maior do que antes se imaginava. E um país com mercado interno dessas dimensões tem melhores condições de alcançar o crescimento sustentável. A revisão estatística, fruto do trabalho de mais de 10 milhões de estatísticos e voluntários, resultou na incorporação aos dados nacionais de cerca de 5 milhões de comerciantes e dezenas de milhões de pequenas empresas, que empregam mais de 150 milhões de pessoas. Esses números mostram uma atividade privada bem mais intensa do que a conhecida até agora, e que deve ter papel importante no crescimento. Mostram também um peso menor do Estado na economia. As novas estatísticas alteram importantes indicadores econômicos e financeiros, como a porcentagem da dívida pública, das dívidas de má qualidade e dos investimentos em relação ao PIB. A dívida pública, por exemplo, diminuirá de 20% para 16% do PIB. O índice de créditos de liquidação duvidosa do sistema bancário - estimados de maneira conservadora em cerca de US$ 300 bilhões, mas que podem chegar ao dobro desse valor - baixará de 8,25% para cerca de 7% do PIB, embora, ressalve-se, isso não torne menos grave o problema do setor financeiro. Um dado que assustava os analistas ocidentais, a relação entre investimentos e PIB, porque era alta demais e apontava para uma situação insustentável no médio prazo, igualmente deixará de preocupar tanto. Antes da revisão, a taxa de investimentos da economia chinesa era de 46% do PIB, um número excessivo até mesmo para o padrão dos países asiáticos, cuja capacidade de poupança sempre foi muito elevada. Agora, recalculado em torno de 35% do PIB, o índice chinês se aproxima da média de seus vizinhos. Por tudo isso, a China, que já era o principal pólo de atração dos investimentos internacionais, deve tornar-se ainda mais atraente.
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terça-feira, janeiro 03, 2006
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