Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, janeiro 04, 2006

CLÓVIS ROSSI O jogo de Lula e Arcibel

FOLHA
 SÃO PAULO - O médico-psiquiatra Daniel Barros, do Núcleo de Psiquiatria Forense do Instituto de Psiquiatria (Hospital das Clínicas de São Paulo), analisa a possibilidade de recandidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à luz do filme "O Jogo de Arcibel", do argentino Alberto Lecchi.
Não vi o filme, mas o leitor esclarece que se trata da história de Arcibel, preso injustamente num fictício país latino-americano chamado Miranda, governado por um ditador.
Arcibel inventa na cadeia um jogo tipo "War", que disputa com seu companheiro de cela, Pablo, até que este foge. Pablo passa a usar as táticas do jogo na guerrilha contra o ditador, até derrubá-lo.
Quando a guerrilha está correndo solta, um general do governo vai até a prisão para que Arcibel o ensine a jogar, a fim de poder enfrentar Pablo, prossegue o relato.
Completa Daniel: "O que me levou a escrever foi uma cena desse momento do filme. O general não entende a disparidade que encontra entre duas cartas: 1) "Tropas do governo matam civis e perdem apoio popular. Os EUA retiram o apoio -o jogador perde mil pontos"; 2) "Milícias da guerrilha matam civis e perdem apoio popular -o jogador perde o jogo".
O general questiona o por quê de punições tão diferentes -um lado só perde mil pontos enquanto o outro perde o jogo.
O leitor fecha assim o raciocínio: "É então que Arcibel dá uma resposta que deveria pesar na decisão de Lula de disputar ou não a reeleição: "Quando quem diz que vai mudar tudo age como quem não quer mudar nada, é melhor parar de jogar".
Duvido que Lula tenha visto o filme, ou, se o fez, que tire alguma correlação. Mas a analogia do leitor me pareceu perfeita, além de infinitamente mais rica do que as cansativas metáforas presidenciais.

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