Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, setembro 13, 2005

SOMOS TODOS FASCISTAS por Adriana Vandoni Curvo

blog DIEGO CASAGRANDE



A filósofa mor do PT, Marilena Chauí, rompeu o silêncio que tinha se colocado desde que as denúncias contra o partido começaram. La Chauí é a musa intelectual do PT, partido do qual foi fundadora. Para ela, Lula não erra, comete "burradinhas". Uma dessas "burradinhas" foi a nomeação de Gilberto Gil no Ministério da Cultura, como declarou na época.

Vale lembrar que Marilena, no começo do governo Lula, foi protagonista de uma peculiar forma de revolta contra os rumos do partido governo. Ela ficou meses sem ler um jornal, sem assistir televisão e sem ouvir rádio. Acho que estava tentando fugir da cruel realidade de não ser mais oposição. O presidente Lula, ao saber do protesto da amiga e companheira, a chamou e colocou-a em um cargo ligado a educação. Ela saiu da sua clausura informativa e desabrochou. Depois de uma reunião com o presidente, a filósofa extasiada disse que quando Lula fala o mundo se ilumina.

Sobre o escândalo Waldomiro Diniz, assessor do então Ministro José Dirceu, Marilena, já falante, disse que era coisa do "casal Garotinho", surrupiando a verdade, que Waldomiro tinha ido para a Loterj por indicação de Dirceu. Mas para a filósofa, o PT não nada com isso. Waldomiro nem era filiado. De fato, mas hoje sabemos que até suas viagens eram pagas pelo PT. Como dinheiro público, diga-se de passagem, afinal era dinheiro oriundo do fundo partidário, logo, podemos afirmar que Waldomiro viajou com o meu, o seu, o nosso dinheiro. Sobre o fato de Waldomiro ter pedido propina ao bicheiro para financiar a campanha do PT no Rio, Marilena disse que a culpa era do "sistema eleitoral, que induz a procedimentos inaceitáveis". Boa explicação!

Desde que começaram a vir a público os esquemas montados pelo partido e, ao que tudo indica, sob comando de José Dirceu, Marilena Chauí tinha se recusado a comentar o que ela definia de "armadilhas herdadas".

Esta semana, durante um ato de "refundação do PT" (eu estou louca para participar da refundação do PT, mas ninguém me convidou ainda...), em São Paulo, a estrela da filosofia petista falou diante da platéia que a aplaudiu freneticamente: "Nos últimos meses eu me perguntei: mas o que é que nós fizemos para sermos tão odiados? Nunca em toda a minha vida presenciei ódio igual a este. É uma coisa que faz perder a respiração. E eu sei hoje por quê: é porque nós fomos o principal construtor da democracia neste país. E não seremos perdoados por isso nunca."

Não é fantástico? Na lógica da filósofa então, o PT não é odiado por estar envolvido em um gigantesco esquema de corrupção, mas por ter contribuído com a democracia.

Eu pergunto: Afinal, este é um país de fascistas?

Adriana Vandoni Curvo é economista, especialista em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas/RJ. Articulista do Jornal A Gazeta, Cuiabá/MT. E-mail: avandoni@uol.com.br - Blog: http://argumento.bigblogger.com.br

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