Jefferson se defendeu atacando e descontou o cheque em branco que Lula lhe deu Roberto Jefferson descontou, em seu discurso de defesa na Câmara, o cheque em branco que recebeu do presidente da República, Luiz Inácio da Silva, meses atrás. Não foi o único ontem a lidar com cheques; o empresário Sebastião Buani apresentou o dele, recebido há três anos, como prova do suborno dado a Severino Cavalcanti e liquidou o mandato do presidente da Câmara um ano e meio antes de terminar. Roberto Jefferson, quatro meses depois de ter ido à tribuna da Câmara para desmentir a denúncia de corrupção do PTB nos Correios e firmar profissão de fé na retidão moral do governo, ontem se defendeu atacando e soltou toda a agressividade até então represada contra a figura do presidente. Disse que Lula está isolado, chamou o governo presidido por ele de o mais corrupto de todos os tempos, conclamou os deputados a "buscarem o DNA" da corrupção no Poder Executivo e usou adjetivos pesados tanto para se referir ao presidente quanto para qualificar a natureza das relações entre Planalto e Congresso neste governo. Nada que acrescente objetivamente um só dado novo às suas denúncias originais, pois restringiu-se a dar opiniões. Fortes, mas conceituações meramente adjetivas. Verossímeis - bastante, aliás -, curso das águas que por ora e por obra de proposital tolerância, passam ainda ao largo do gabinete presidencial. As ironias de Roberto Jefferson são destruidoras, embora insuficientes hoje para imprimir aos seus alvos castigos mais graves que os até agora impostos. A menos que ele pretenda prosseguir e de agora em diante se dedicar a uma cruzada pela derrubada do governo Lula e partir em busca de comprovações do envolvimento direto do presidente que, antes, Jefferson assegurava ser "um homem inocente" e ontem rebaixou à categoria dos cínicos falando com mordacidade sobre seu alegado desconhecimento dos fatos em evidência. Não convém, por precaução, o governo eliminar do cenário a possibilidade de Roberto Jefferson pretender completar sua obra a respeito da qual - foi possível depreender de suas palavras ontem - pareceu arrependido de ter construído apenas uma parte. Rendição Quando recorrem à Justiça a fim de procrastinar a decisão sobre o destino dos respectivos mandatos, os sete deputados do PT com cabeças a prêmio reconhecem que perderam a batalha política. É um lance de quem já entregou a parte melhor do jogo. Já o presidente do Supremo Tribunal Federal, que não tem em tese nada com isso, não precisava se expor, decidindo com celeridade ímpar sobre um mandado de segurança apresentado propositadamente fora do horário do expediente para evitar o sorteio de relatores e cair nas mãos do presidente da Corte. Por essa e outras, Nelson Jobim vai aos poucos minando o capital que poderia ter para se apresentar como candidato à Presidência da República na condição de reserva moral. Leite derramado O gesto de partidos como PMDB e PSB de apoiar punição ao ainda presidente da Câmara só depois do aparecimento do cheque - não obstante todas as evidências anteriores de culpa, entre as quais a própria defesa do ainda deputado -, parece a decisão do PT sobre a criação da CPI dos Correios. Autorizava os petistas a assinarem o requerimento da CPI minutos antes do prazo final e depois de tudo decidido, sob a condição de que seus apoios não servissem para influir no resultado. Junto com a autoridade moral, os três partidos perderam a oportunidade de tomar assento no carro-chefe, continuando a reboque da crise. Coisa pública O presidente Luiz Inácio da Silva demora, mas quando fala é para não dizer coisa com coisa. Na Guatemala, numa mesma entrevista conseguiu comemorar a queda de 10 pontos porcentuais na pesquisa - "se fosse outro estaria com índices (de popularidade) abaixo de zero" - , admitir que os fatos justificariam resultados políticos ainda piores e mostrar, pela segunda vez, leniência com ilegalidades. A primeira foi na entrevista em Paris na qual considerou habitual, e portanto normal, o crime do caixa 2. Agora, defende como "obrigação do PT" o pagamento de passagens para entes privados com dinheiro público do fundo partidário. Dialeto O ex-ministro Luiz Gushiken seguiu a norma e ontem na CPI dos Correios esfaqueou a língua pátria com maestria. Seguia bem reclamando do "exacerbamento" da crise, quando então ficou ótimo ao convidar, com um "sejemos claros", a platéia a refletir sobre a reforma política. Deveria ser obrigado a repetir mil vezes o artigo 13 da Constituição Federal: "A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil."
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Entrevista:O Estado inteligente
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quinta-feira, setembro 15, 2005
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