Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Jornal O Globo - FMI, prós e contras George Vidor



Agora em março o governo vai decidir se renova ou não o acordo com o Fundo Monetário Internacional, e as apostas dos analistas financeiros se inclinam ligeiramente em favor da prorrogação por mais um ano. E o motivo para isso seria político, e não econômico, pois o atual quadro das contas externas brasileiras dispensa qualquer tipo de guarda-chuva do Fundo Monetário.

Ao renovar o acordo com o FMI, o governo Lula teria um escudo que o ajudaria a conter as demandas por aumento de gastos públicos. O recuo da inflação este ano dependerá muito do comportamento das despesas do setor público, que teriam de se expandir menos do que o crescimento esperado para a economia.

A renovação do acordo com o FMI adiaria por pelo menos um ano a entrada do Brasil no rol das nações emergentes classificadas na categoria das que oferecem pouco risco para investidores em moeda estrangeira. Para ser promovida a investment grade a economia brasileira terá de passar um tempo sem ser monitorada pelo FMI, demonstrando que faz o dever de casa por vontade própria.

Esse adiamento retardaria a redução dos prêmios de risco cobrados pelo mercado na concessão de empréstimos ou compra de títulos brasileiros no exterior. Mas, politicamente, o presidente Lula faturaria o fim do acordo do FMI em 2006, quando sua reeleição estará sendo decidida. Até lá, o Brasil terá acumulado um volume de reservas em moeda forte que não deixaria mais dúvida sobre a solvência externa do país.

No curto prazo, com a renovação do acordo, haveria desgaste político junto aos grupos mais à esquerda que ainda apóiam o governo Lula, mesmo acusando-o de manter uma política econômica tutelada pelo FMI.

Pondo esses fatores na balança, o mercado hoje considera que os prós superariam os contras à renovação do acordo com o FMI.

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Os preços do trigo estão baixos no mercado internacional. A Argentina chegou a vender a tonelada por US$ 100 (agora as cotações andam na faixa de US$ 125 porque a China anunciou que comprará mais 1 milhão de toneladas este ano, empurrando o mercado um pouco para cima).

Em função desses preços, a previsão é de que safra brasileira em 2005 praticamente não crescerá, permanecendo em um patamar de 4,6 milhões de toneladas. Provavelmente não haverá exportação de trigo nacional (no ano passado houve demanda para o tipo mais produzido no Brasil, e o país vendeu para o exterior quase um milhão de toneladas). O consumo interno deve atingir cerca de onze milhões de toneladas. É esperada uma expansão maior do que a de 2004, que ficou abaixo do crescimento (5%) do Produto Interno Bruto.

No mercado interno, o consumo geralmente acompanha a evolução da renda média dos brasileiros, com uma pequena defasagem de tempo. Quando melhora a renda, as pessoas comem mais pão, macarrão, bolos, biscoitos, pizzas etc.

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Com os lucros que registraram no ano passado, chega a ser vergonhoso que as pessoas tenham de enfrentar filas enormes quando vão à boca do caixa nas agências dos grandes bancos de varejo. Cerca de 80% do que os grandes bancos arrecadam na suas tarifas de serviços já são suficientes para cobrir a folha de pagamentos (até mesmo nos estatais).

Os bancos procuram automatizar ao máximo seus serviços, mas há casos em que o cidadão tem de recorrer ao guichê do caixa, sem opção de ir a outro banco, usar a internet ou fazer o pagamento em casa lotérica. Por isso, as filas são uma rotina nas agências dos bancos de varejo, onde o número de guichês abertos é sempre pequeno. Não fosse isso, nem haveria necessidade de se criar uma fila especial para pessoas com mais de 60 anos, gestantes ou deficientes físicos (bastaria dar preferência a eles).

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O número de patentes que a China deposita internamente dobrou desde que o país foi admitido na Organização Mundial do Comércio (OMC) e já passa de cem mil por ano, dos quais 82% têm origem nas empresas, e não em universidades ou institutos de pesquisa. O modelo chinês de desenvolvimento tecnológico repete a experiência da Coréia do Sul e de Taiwan, pela qual o governo incentiva diretamente as empresas.

A OMC só admite subsídios e subvenções para desenvolvimento tecnológico e preservação do meio ambiente, sendo que no primeiro caso a regra permite que até 75% do investimento sejam bancado por recursos oficiais.

O Brasil continua achando que o desenvolvimento tecnológico é tarefa das universidades, e não por caso que o número de patentes depositados pelo país internamente ou nos Estados Unidos pouco evoluiu nos últimos anos, embora o governo tenha criado diversos incentivos, como os fundos setoriais (petróleo, eletricidade, telecomunicações, verde-amarelo, etc.).

O professor Roberto Nicolsky, diretor geral da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (Protec), acha a opção brasileira um equívoco, pois as universidades e os centros de pesquisa estão voltados para a fronteira do conhecimento, enquanto a indústria está vários passos atrás. Nicolsky, ele mesmo um pesquisador acadêmico no campo da supercondutividade, acha que o trabalho que desenvolve na universidade não terá aplicação prática para a indústria ou para as ferrovias no estágio que ambas se encontram atualmente.

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A avalanche de turistas estrangeiros no começo do ano é certamente uma das razões para os índices de emprego no Rio terem melhorado em janeiro, contrastando com os das demais regiões metropolitanas. Hotéis, albergues, bares, restaurantes, lanchonetes e lavanderias situados nos bairros freqüentados pelos turistas faturaram como nunca.

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