Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Folha de S.Paulo - Janio de Freitas: Puros negócios - 22/02/2005

Lula não quer que gente do governo e do PT fale em sua reeleição. Ele veio para ser diferente. Mas, pelo visto, quer que ajam sem falar, como ele próprio. Daí a pressão que se inicia em dois sentidos. Uma, a pretendida investigação das mudanças de partido por deputados, acusados ou suspeitos de o fazerem em troca de vantagens até pecuniárias. Outra, a aceleração dos passos para impor a fidelidade partidária, que impediria novas transferências. Tudo porque o lado oposicionista do PMDB tem inflado a ponto de ameaçar a condição do PT de maior bancada na Câmara.As duas providências são, sem dúvida, muito interessantes. Ainda mais se considerarmos a necessidade de frear as aquisições feitas pelo governo e, por conseqüência, o risco que a Presidência da República e a direção petistas correm com a investigação.Nos dois últimos anos, os jornais tornaram-se farto documentário das operações com que o governo conduziu transferências no varejo e no atacado, engordando o que o governismo chama de "base aliada" e, nela, o setor mais suscetível às atrações governamentais a cada votação. O inchaço do PTB de Roberto Jefferson, o líder collorista, ficou registrado como um caso sem precedente. Assim como o truque de não fazer transferências para o PT, mas para sucursais partidárias, criado por José Dirceu quando coordenador político do governo e, em tal condição, da grande onda de conquistas.Ainda ontem, Lula chamou Severino Cavalcanti de "companheiro", com o qual, fez questão de informar, tem o melhor entendimento ao longo do governo. Mas Severino Cavalcanti e os demais malufistas, como o próprio Paulo Maluf na orientação do PP e na ajuda eleitoral a José Serra, não passaram de inimigos a seduzidos por descobrirem encantos insuspeitados em Lula.Por falar em conquista, o deputado Miro Teixeira, que há pouco deixou o PPS com a afirmação de que não entraria mais em outro partido, mudou depressa ou foi mudado de idéia. Por acaso ou não, entrou no PT, que acenava por aí em busca de um político fluminense a quem ofertar a candidatura petista ao governo fluminense. Miro Teixeira, candidato favorito mas derrotado por Brizola em 82, desde então é pretendente potencial ao cargo. Mas talvez, em lugar de conquistado em troca da candidatura, seja outro seduzido só por encantos especiais de Lula e José Genoino.

Nenhum comentário:

Arquivo do blog