Na última quarta-feira, mais uma vez, o mundo econômico parou para ouvir o presidente do Federal Reserve, o banco central norte-americano. Em depoimento no Senado, o todo-poderoso Alan Greenspan cumpriu o preceito legal de prestar contas ao povo americano sobre a condução da política monetária. Ele é obrigado a seguir esse ritual duas vezes ao ano, segundo regras claras de comportamento, fixadas em lei. Um exemplo extraordinário de transparência democrática, que já deveríamos ter adotado no Brasil.
Como a economia norte-americana é o grande motor do mundo global em que vivemos hoje, o testemunho de Greenspan extrapolou as fronteiras nacionais da terra do Tio Sam e foi seguido em detalhes por milhões de pessoas. A partir da cuidadosa avaliação da economia americana, a ser feita pelo presidente do Fed, seria possível ajustar os cenários para o resto do mundo. Sabe-se que está em suas mãos, de ancião e sábio, a continuidade de um período já longo de uma extraordinária expansão da economia mundial.
Uma barbeiragem na condução do processo de normalização dos juros americanos pode levar o mundo para as fronteiras assustadoras de uma nova recessão. Por outro lado, o prêmio pelo êxito dessa tarefa pode representar a manutenção do crescimento mundial em níveis elevados, pelos próximos dois anos.
O depoimento de Greenspan foi muito otimista em relação ao futuro e demonstrou uma grande confiança no sucesso de sua missão de trazer os juros para perto da normalidade. O crescimento continua sólido e próximo do limite superior sugerido pelos parâmetros macroeconômicos. Por outro lado, a inflação continua sob controle, e as expectativas dos agentes econômicos, para o futuro, não indicam nenhuma preocupação maior com o processo de aumento de preços nos mercados de bens e serviços.
O presidente do Fed minimizou algumas preocupações quanto ao processo de endividamento dos consumidores -um dos pontos frágeis da economia americana, segundo alguns analistas-, ao defender que o nível de gastos precisa ser medido em relação à riqueza das pessoas, e não apenas à renda disponível. Com as Bolsas de Valores em alta e o mercado imobiliário aquecido, os dois itens principais da riqueza do americano estão garantindo a solidez e solvência do consumidor.
Por outro lado, Greenspan manifestou seu otimismo em relação à questão do déficit fiscal do governo e ao buraco nas contas externas do país. Esse foi, sem dúvida nenhuma, o ponto mais fraco de seu depoimento. A força de seus argumentos econômicos anteriores foi substituída apenas por um enorme desejo de que as coisas no futuro se ajustem. E todos nós sabemos que o mundo não funciona assim.
Mesmo com essa visão "naïve" em relação aos desajustes macroeconômicos de hoje, o resultado final das palavras de Greenspan concedeu um fôlego maior para o otimismo atual, mundo afora. Os mercados reagiram claramente nessa direção. Por exemplo, o diferencial de juros entre os títulos de crédito de pior qualidade e os "investments grades" nos Estados Unidos se reduziu ainda mais e chegou a níveis históricos. Com isso, as taxas de risco dos papéis emitidos pelos países emergentes voltaram a cair, o que reduz o custo financeiro de governos e empresas. No caso brasileiro, o risco Brasil voltou a operar abaixo dos 400 pontos, abrindo caminho para novos recordes de baixa.
As Bolsas de Valores voltaram a se valorizar, basicamente no mundo emergente, inclusive o Brasil. O Índice Bovespa bateu novos recordes, principalmente quando calculado em dólares. Também reagindo na mesma direção, a taxa de câmbio do real voltou a valorizar-se, obrigando o Banco Central a voltar a sua política de "enxugar gelo". Principalmente porque, poucas horas após o depoimento de Greenspan, o nosso Copom decidiu por um novo aumento dos juros internos. Agora, é uma questão de dias para que o dólar passe a valer R$ 2,50 e voltemos à taxa de câmbio real da época do real forte do primeiro mandato de FHC.
Com a euforia que atingiu os mercados brasileiros após as palavras do presidente do Fed, o terrível desastre político, representado pela eleição do novo presidente da Câmara de Deputados, foi esquecido. Isso pode, entretanto, ter conseqüências importantes para nossa economia quando dias menos eufóricos forem vividos.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Arquivo do blog
-
▼
2005
(4606)
-
▼
fevereiro
(179)
- Primeira Leitura : A operação de privatização da E...
- BliG Ricardo Noblat Comentário da cientista políti...
- Jornal O Globo - FMI, prós e contras George Vidor
- Folha de S.Paulo - Luiz Carlos Bresser-Pereira: FM...
- Folha de S.Paulo - Fernando Rodrigues: Empulhação ...
- Folha de S.Paulo - Editoriais: PARVOÍCE SINDICAL -...
- OSCAR.com - 77th Annual Academy Awards - Oscar Nig...
- Folha de S.Paulo - Uma crise de 99 anos RUBENS RIC...
- Folha de S.Paulo - LUÍS NASSIF Como negociar a dív...
- Folha de S.Paulo - Janio de Freitas: O afrouxament...
- Folha de S.Paulo -ELIANE CANTANHÊDE"Feche a boca!"...
- Folha de S.Paulo - CLÓVIS ROSSI Silêncio- 27/02/2005
- Jornal O Globo - Miriam Leitão País dos cartéis
- O Globo Elio Gaspari Nuvem
- no mínimo Augusto Nunes A hora da mordaça
- O DIA Dora Kramer Online Aécio anima-se: ‘2010 vei...
- VEJA on-line Tales Alvarenga Severino não é Geni
- VEJA Diogo Mainardi Coragem, presidente!
- VEJA André Petry Lula está só
- VEJA on-line Roberto Pompeu de Toledo Olhares estr...
- A primeira Vítima" (por Ronaldo Costa Couto)
- O Estado de S. Paulo - O gogó do Lula CELSO MING
- O Estado de S. Paulo - Editoriais Passou dos limites
- Folha de S.Paulo - Editoriais: DISCURSO IRRESPONSÁ...
- O DIA Online A palavra do presidente Dora Kramer
- Jornal O Globo - Inadequado por Miriam Leitão
- Primeira Leitura : A natureza do escorpião e “Nunc...
- FH diz que nunca deixou de mandar apurar denúncias...
- Somos todos conservadores João Mellão Neto O ESTAD...
- Funk in deep freeze. Com Chet Baker (trompete)
- BliG Ricardo Noblat sobre a "merdança" do Lula no ...
- O Estado de S. Paulo - Editoriais Novo escândalo n...
- Jornal O Globo - Luiz Garcia Sem verba para o az...
- Jornal O Globo - Miriam Leitão
- O DIA Online Do limão, um limoeiro Dora Kramer
- Folha de S.Paulo - CLÓVIS ROSSIA A socialização do...
- Folha de S.Paulo - ELIANE CANTANHÊDE: Rápido no ga...
- Folha de S.Paulo LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS-...
- Folha de S.Paulo - LUÍS NASSIF: Salvando a reforma...
- BliG Ricardo Noblat Ele foi longe demais por Luci...
- Até agora, o PT tem sido malsucedido nas suas inve...
- Funk in deep freeze. Com Chet Baker (trompete)
- Onde ele pisou na bola
- Folha de S.Paulo - Ser de esquerda é ser republica...
- O DIA Online A causa além do caso Dora Kramer
- Jornal O Globo - Visão de Alckmin Miriam Leitão
- Jornal O Globo -Helena Chagas Terra de alguém
- Folha de S.Paulo - Editoriais 24/02/2005
- Folha de S.Paulo - CLÓVIS ROSSI Estátuas - 24/02/2005
- Folha de S.Paulo - ELIANE CANTANHÊDE: Firme feito ...
- Folha de S.Paulo - Janio de Freitas: A ciranda - 2...
- Folha de S.Paulo - Paulo Nogueira Batista Jr.: FM...
- Folha de S.Paulo - Luís Nassif: A era digital nos ...
- BliG Ricardo Noblat Já vi esse filme...
- BliG Ricardo Noblat O que pode atrapalhar a reelei...
- Fotografia. Com César Camargo Mariano (piano) e Ro...
- no mínimo | Guilherme Fiuza Lula e a Amazônia: tud...
- Jornal O Globo - Miriam Leitão Com um pé fora
- O DIA Online Dora Kramer Nobres tribunas pobres t...
- Folha de S.Paulo - EditorialL - 23/02/2005
- Folha de S.Paulo - CLÓVIS ROSSI A gangrena da pátr...
- Foha FERNANDO RODRIGUES Paciência infinita
- Folha de S.Paulo - Elio Gaspari: Lula é o seu próp...
- Folha de S.Paulo - Luís Nassif: A teoria concreta ...
- Shall we dance and A dog’s life
- O Estado de S. Paulo - Rubens Barbosa Alca - a hor...
- Folha de S.Paulo - Editorial- 22/02/2005
- Folha de S.Paulo - CLÓVIS ROSSI: Somos todos sever...
- Folha de S.Paulo -ELIANE CANTANHÊDE: A cada dia, s...
- Folha de S.Paulo - LUÍS NASSIFGraduação em comérci...
- Folha de S.Paulo - Janio de Freitas: Puros negócio...
- O GLOBO Arnaldo Jabor Vem aí a alvorada dos seve...
- OGLOBO Luiz Garcia Meu menisco esquerdo
- O DIA Online Petista ‘ultralight’ dá o norte no Se...
- O GLOBO Miriam Leitão Altas reservas
- no mínimo Augusto Nunes O frevo vai ser animado
- O ESTADO DE S.PAULO Direitos humanos? Denis Lerrer...
- O Estado de S. Paulo O 'compromisso' do governo Lu...
- As elites de Lula Carlos Alberto Sardenberg
- Folha Barbacena , Lula e Severino MARCOS CINTRA
- Folha Guerra sem fim KLESTER CAVALCANTI
- Folha de S.Paulo Denis Lerrer Rosenfield: Cachaça ...
- Folha de S.Paulo - Fernando Rodrigues: O Lula cor...
- Folha de S.Paulo - Vinicius Torres Freire: Severi...
- Primeira Leitura : A reestruturação da Febem
- O Estado de S. Paulo - Editoriais O pacote florestal
- A Torre de Babel, as línguas e a diplomacia Celso...
- FOLHA Jogo pendular RUBENS RICUPERO
- O DIA - Dora Kramer Em nome da sofrida senhora
- FOLHA ELIO GASPARI
- O GLOBO Miriam Leitão Terra sem lei
- FOLHA Editoriais
- folha CLÓVIS ROSSI "Estamos desgraçados"
- folha ELIANE CANTANHÊDE O admirável mundo dos Sev...
- FOLHA ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES Ignorânciaou má-fé!
- FOLHA JANIO DE FREITAS Apenas um reflexo
- FOLHA LUÍS NASSIF O nascimento do Brasil
- VEJA Roberto Pompeu de Toledo ...
- VEJA André Petry O beato do apagão "Afinal, tod...
-
▼
fevereiro
(179)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA
Nenhum comentário:
Postar um comentário