Entrevista:O Estado inteligente

sábado, maio 10, 2008

O PSDB sai dividido para as eleições municipais

Bicadas paulistanas

Alckmin se lança candidato à prefeitura de
São Paulo e os tucanos entram em guerra


Felipe Patury

Nilton Fukuda/AE
Kassab, Alckmin, o vice-presidente José Alencar e Serra: sorrisos só na foto

O tucano Geraldo Alckmin teve sua candidatura a prefeito de São Paulo lançada pelo diretório municipal de seu partido. Mas a festa virou baderna. Seus aliados trocaram insultos com tucanos que apóiam a reeleição do prefeito Gilberto Kassab, do DEM. Aos gritos, as facções expuseram publicamente sua divisão. Era uma explosão com data marcada para ocorrer: nos últimos meses, em conversas privadas, os integrantes de um grupo só se referiam aos do outro com palavrões. A ala pró-Kassab é composta pela maioria dos deputados estaduais do PSDB e por onze dos doze vereadores do partido. Eles dizem que, como Kassab foi leal a Serra quando este deixou a prefeitura para concorrer ao governo paulista, deve ser apoiado pelos tucanos. De fato, o prefeito deu seguimento à gestão Serra. Kassab é praticamente um discípulo do governador, a quem chama, inclusive, de "chefe". Mas a raiz da briga tucana não está na administração de São Paulo. O problema reside na esfera nacional.

A eleição paulistana é um lance fundamental para a disputa pela vaga de candidato do PSDB a presidente da República em 2010. Kassab trabalha para que Serra seja o escolhido, e sua manutenção na prefeitura da maior cidade do país seria uma bóia de salvação para o DEM, grande aliado do PSDB que sangrou muito nas urnas em 2006. O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, também almeja o Palácio do Planalto. Como quer anular Serra e não tem o apoio da cúpula do DEM, insufla a candidatura de Alckmin – que, se for eleito prefeito, poderá viabilizar o sonho presidencial de Aécio. Há um ano, o grupo pró-Kassab tenta convencer Alckmin a trocar a candidatura a prefeito pela de governador de São Paulo em 2010. A oferta foi feita pela primeira vez no início de 2007, quando Alckmin se recuperava da derrota nas eleições presidenciais. Na ocasião, Serra lhe disse que pretendia se candidatar a presidente em 2010 e que gostaria que ele concorresse ao governo estadual. Alckmin preferiu a prefeitura. Aos seus correligionários, justifica que, se não concorresse neste ano, poderia ser esquecido pelo eleitorado. Além disso, afirma não ter garantias de que Serra não concorrerá à reeleição para o governo em 2010.

Dida Sampaio/AE

Marta Suplicy: os tucanos brigam, ela relaxa
e goza

Em fevereiro, as esperanças de acordo entre Alckmin e Kassab desvaneceram-se. O democrata, então, se lançou em busca de outros aliados. Em abril, arrancou uma coligação com o PMDB. O PR e o PV devem aderir à sua candidatura nesta semana. O apoio desses partidos dará a Kassab o maior tempo do horário eleitoral na TV, dezoito minutos por dia. Alckmin não deve ter metade disso. O tucano tem mais um problema. Como Kassab é candidato, ele não pode se apresentar como representante da situação. Tampouco pode se identificar como oposição, porque catorze dos atuais 22 secretários municipais são do PSDB. O desgaste acarretado por essa falta de identidade já foi captado pelas pesquisas. Até o início do ano, todos os institutos indicavam que Alckmin teria uma vitória folgada nas urnas. Os novos levantamentos detectam, agora, um empate entre ele e a segunda colocada, Marta Suplicy. A disputa no PSDB só beneficia a petista. Ela assiste, relaxa e goza.

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