Mas a batalha entre a promotoria e a defesa do pai
e da madrasta de Isabella está longe de acabar
Juliana Linhares
Fotos Robson Fernandjes/AE e José Patrício/AE |
Nardoni e Anna Carolina no momento da prisão.Tumulto e gritos: "Vamos linchar!" |
O julgamento de Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni, madrasta e pai de Isabella, assassinada em março, levará de um a quatro anos para ocorrer. Até lá, o Ministério Público, que responsabiliza o casal pela morte da menina, e os advogados da dupla devem travar uma longa batalha em torno da liberdade dos dois. Por enquanto, leva vantagem o MP, que, na quarta-feira passada, conseguiu que a Justiça aceitasse a denúncia contra o casal por homicídio doloso triplamente qualificado e determinasse a prisão preventiva dos, agora, réus. Nardoni e a mulher foram presos diante de uma multidão de cerca de 1.000 pessoas que pedia o seu linchamento e atirava ovos contra os carros de polícia em que eles estavam.
O segundo tempo da briga entre a defesa e o MP ocorrerá na próxima semana, quando o Tribunal de Justiça decidirá se autoriza a libertação dos réus. A defesa deu entrada no pedido de habeas corpus na sexta-feira. Pediu também a anulação do despacho em que o juiz Maurício Fossen aceita a denúncia do MP, alegando que ele errou ao emitir opiniões sobre a responsabilidade do casal no crime. Especialistas ouvidos por VEJA são de opinião que o TJ vai decidir pela soltura. "No despacho da prisão, o juiz invoca a ameaça à garantia da ordem pública, mas de forma equivocada. Não há base legal para a prisão", diz o jurista Luiz Flávio Gomes. Caso o pai e a madrasta de Isabella sejam soltos, a promotoria só pode pedir que eles voltem à prisão se houver um fato novo e comprovado que indique uma obstrução ao andamento do processo. O vai-e-volta da cadeia é usual em casos de grande repercussão. Suzane von Richthofen, a estudante que matou os pais em 2002, foi presa três vezes e posta em liberdade duas nos quatro anos que se passaram entre o crime e a sua condenação a 39 anos de prisão, em 2006.
O casal será interrogado pela Justiça no próximo dia 28. Depois, o juiz ouvirá as testemunhas de acusação e defesa. Em seguida, o promotor e os advogados farão suas alegações finais. Só então o juiz decidirá se os réus vão ou não a júri popular. Pelo menos até lá, o assassinato de Isabella continuará sendo um crime sem condenados.