Máfia chefiada por políticos planejou morte de coronel
Heloisa Joly
Hipólito Pereira/Ag. O Globo |
O vereador Guimarães: preso desde dezembro por formação de quadrilha |
A Liga da Justiça é uma das milícias que aterrorizam o Rio de Janeiro. Ela extorque comerciantes, moradores e motoristas de vans que trafegam ilegalmente na Zona Oeste do Rio. Em troca do dinheiro, promete segurança. O deputado estadual Natalino José Guimarães, do DEM, e seu irmão, o vereador Jerônimo Guimarães, do PMDB, são acusados de liderar a quadrilha. Jerônimo está preso desde dezembro último, por formação de quadrilha. Natalino só não lhe faz companhia porque tem imunidade parlamentar. Na semana passada, tornou-se público um inquérito da polícia que envolve os Guimarães em uma tentativa de assassinato. Em 2005, os bandidos da Liga da Justiça atiraram em Marcelo Lopes, um informante da polícia que denunciou os achaques feitos pela máfia aos donos de vans. De acordo com o inquérito, os irmãos teriam assistido ao crime. Luciano Guimarães, filho do vereador, é apontado como autor de alguns dos disparos. A polícia também recebeu denúncias de que os irmãos Guimarães planejavam matar o coronel da Polícia Militar Dario Cony, que atrapalhava os negócios da milícia.
Organizações como a Liga da Justiça constituem um poder paralelo no Rio. Pelo menos noventa das 500 favelas da cidade são controladas por milícias. A maioria delas é chefiada por policiais reformados. Os irmãos Guimarães, por exemplo, eram policiais civis. Enriqueceram, entraram na política e, agora, tentam legalizar seu negócio. Em abril, Natalino Guimarães conseguiu que a Assembléia Legislativa do Rio aprovasse uma proposta de criação de polícias comunitárias constituídas por policiais aposentados. O governador Sérgio Cabral garante que vetará essa e qualquer outra iniciativa semelhante.