| O Estado de S. Paulo |
| 13/5/2008 |
O ministro da Justiça, Tarso Genro, tem tentado seguir os passos do antecessor, Márcio Thomaz Bastos, no papel de advogado de defesa do governo nas crises que saem do terreno da política para o campo da polícia. Mas, apesar do empenho, não tem conseguido repetir o desempenho do criminalista que, até o episódio da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa, quando entrava em cena conseguia de fato arrumar o ambiente. Tarso Genro, ao contrário, desarruma. No caso do dossiê dos gastos da Presidência da República na gestão Fernando Henrique Cardoso, cada atuação do ministro da Justiça contribui para agravar a situação. Já havia causado espanto quando apareceu abraçado à tese de que produzir dossiês é um ato corriqueiro e muito natural em qualquer governo. Além do inusitado da defesa de uma ilegalidade óbvia - apontada publicamente pelo presidente do Supremo Tribunal Federal -, a declaração do ministro da Justiça equivalia na prática à assinatura de um recibo de confirmação da existência do dossiê, derrubando a veemente negativa oficial. A investigação da Polícia Federal estava começando e quem tinha alguma dúvida sobre a linha das suspeitas da polícia ficou sabendo por intermédio de Tarso Genro que a PF não rezava pela cartilha do “banco de dados”. A ausência de intimidade do ministro da Justiça com a sutileza manifestou-se de novo agora, quando o governo precisa arrumar um jeito o menos danoso possível de circunscrever o caso ao afastamento do secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, acusado de passar o dossiê para um assessor do senador tucano Álvaro Dias. Tarso Genro disse à Folha de S. Paulo que “se” ficar provado que o vazamento do dossiê ocorreu por “descuido” e não por má-fé, tudo se resolve com uma punição por “infração disciplinar”. Tradução: a décima história oficial nesse caso de múltiplas alternativas será a de que havia um banco de dados do qual foram pinçados gastos tidos como exóticos do governo anterior para formar um arquivo, cuja divulgação ocorreu por mero descuido. Algo tão inverossímil assim só pode sair de cabeças de pessoas tão conscientes da gravidade de seus atos que nem se preocupam mais com a coerência e consistência dos fatos. O importante é ter uma versão para apresentar, faça ela sentido ou não. Ao se fazer porta-voz desse remendo, o ministro da Justiça mostrou que o governo está disposto a tudo para proteger quem mandou fazer o dossiê, o que em si resolve dúvidas porventura ainda existentes. A sorte de Tarso Genro é que há gente disposta a acreditar em qualquer coisa. Até que Dilma Rousseff manteria por três anos em cargo de extrema confiança, a chefia do Controle Interno da Casa Civil, um funcionário por quem nutria extrema ojeriza, levado ao posto pelo antecessor, José Dirceu. Talvez pretenda convencer alguém de que José Aparecido ficou lá esse tempo todo pelas artes e as manhas de um mero descuido. Paulinho? Pereira O primeiro reflexo do deputado e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, para se desvincular do escândalo de desvio de verbas do BNDES foi tentar se confundir com a multidão de xarás, dizendo que o “paulinho” citado no inquérito da Polícia Federal poderia ser “qualquer um”. Como a cada dado novo revelado na investigação as digitais de “paulinho” e do deputado vão assumindo contornos cada vez mais semelhantes, a tendência do PDT é sair logo da posição de proximidade solidária para uma atitude de distanciamento crítico.
Identidade A direção nacional do PT se prepara para recuar do veto à aliança com o PSDB na eleição para a Prefeitura de Belo Horizonte, acreditando que já marcou posição “anti-Aécio” perante o eleitorado nacional. A preocupação dos petistas era fazer um gesto qualquer contra o governador de Minas Gerais. Depois da adoção da política econômica do adversário, seria, na visão do PT, o cúmulo ir buscar um candidato presidencial no PSDB.
Padrão O presidente Lula e o governador José Serra compartilham a opinião de que o “povo” desconhece o significado do termo “dossiê”. Há pouco mais de um mês, Serra constatou - “A maioria confunde dossiê com doce” - e na semana passada Lula corroborou: “Dossiê é um nome bonito, mas o povo não sabe o que é.” E continuará na escuridão da ignorância enquanto autoridades tratarem a condição de penúria educacional e o déficit de discernimento do brasileiro com essa ligeireza. Queira o bom senso que políticos postulantes a cargos eletivos não comecem a acreditar que o menosprezo ao conhecimento seja atributo indispensável à conquista da popularidade. |
Entrevista:O Estado inteligente
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