Entrevista:O Estado inteligente

domingo, junho 03, 2007

VALDO CRUZ

Ares brasilienses BRASÍLIA - Há mais de duas semanas a capital do país respira o ar fétido exalado pelos escândalos do momento, espalhando pelos gabinetes brasilienses uma sensação de paralisia. Em cada canto da cidade só se fala de corrupção, da próxima vítima da PF, da guerra da PF, de chantagens familiares.
O clima pesado na chamada ilha da fantasia não contaminou, contudo, o lado real do país. Antes, qualquer crise que pusesse no olho do furacão o presidente do Senado, governadores e aliados do presidente no mínimo balançava mercados e deixava investidores receosos. Hoje, o cenário mudou.
Enquanto políticos são postos sob suspeita e presos, empresários anunciam operações como a da Friboi, que transformou o grupo no maior processador de carnes do mundo. A siderúrgica Usiminas vai ao Planalto e divulga investimentos de US$ 8,4 bilhões no país.
O dólar despenca, mas o superávit da balança comercial continua acima do ano passado. Ninguém mais duvida que o país cresce mais de 4% em 2007 e que a inflação ficará na casa dos 3%. Outras boas notícias podem vir nessa semana.
Lula embarcou para o exterior certo de que o Banco Central vai acelerar a queda dos juros e promover um corte de 0,5 ponto percentual -embora no Palácio do Planalto gente graúda defenda uma queda mais ousada, de 0,75 ponto, mas se contente com 0,5.
Estamos no paraíso? Não, há muito a ser feito. O governo ainda é tímido na redução da carga tributária e não se mexe na direção de reformas vitais, como a trabalhista. Inegável, porém, que a economia deu um salto de qualidade.
O mesmo não se pode dizer do mundo político. Se na economia real a boa governança vai ganhando espaço, com empresas brasileiras se internacionalizando, entre os políticos métodos arcaicos seguem como regra, gerando novos escândalos e poluindo os ares brasilienses. Com a estação de seca chegando na cidade, vai ficar intragável.

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