Entrevista:O Estado inteligente

sábado, junho 02, 2007

Resposta de Lula a Chávez é pura conversa mole

Vocês certamente acompanharam a conversa mole envolvendo o ditador Hugo Chávez e o Brasil. O que interessa é a resposta de Lula: Chávez cuida da Venezuela; Bush, dos EUA, e ele, Lula, do Brasil. O Itamaraty convocou o embaixador venezuelano para dar explicações. Macheza do Brasil? Bobagem. Era o mínimo. Afinal, o chefe de uma nação estrangeira atacou um dos Poderes da República. É preciso, quando menos, fingir alguma indignação.

O que interessa — e é isto o que interessa! — é que Lula já disse, mais de uma vez (e não se desdisse), que a Venezuela é um país democrático. Para ser exato, chegou a afirmar que, naquele país, há “democracia até demais”. Se vocês forem procurar o contexto em que está essa fala, verão que ele sugeriu que o estágio democrático daquele país está mais avançado do que o do Brasil. No mundo, o único aliado incondicional relevante de Hugo Chávez é o Brasil — os demais de alguma expressão, como o Irã, são párias.

Mais: faz poucos meses que o Brasil atraiu Chávez para o Mercosul. Como candidato a líder regional, o silêncio do Brasil diante da ditadura escancarada na Venezuela chega a ser indecente. A fala de Lula é muito menos um bate-boca com o ditador do que a reiteração de uma omissão. Quando fala em fóruns internacionais, ele se põe no papel de líder dos emergentes e cobra os países ricos por conta das assimetrias nas relações comerciais. Está certo — embora Bush cuide dos EUA; Lula, do Brasil; os ditadores, das ditaduras... Quem se candidata a líder mundial se omite quando há uma questão regional relevante? É piada.

Ademais, observe-se: de forma mitigada, nos limites em que as nossas instituições lhe permitem, o governo Lula persegue os mesmos passos de Chávez no que diz respeito à mídia:
- está em curso um projeto famigerado para (re)instituir a censura prévia no Brasil — uma forma de pressionar as emissoras privadas de TV;
- a emissora pública — aquela que custaria R$ 250 milhões e que agora deve custar R$ 350 milhões por ano — nada mais é do que a conversão de dinheiro público em versão oficial.

Para arrematar, verifiquem os anúncios oficiais — de governos e estatais — nos veículos que puxam o saco do governo: nao têm leitores, mas têm verba.

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