Entrevista:O Estado inteligente

sábado, junho 09, 2007

Dia da Marmota

Celso Ming

Em Punxsutawney (Pensilvânia, Estados Unidos), 2 de fevereiro é o Dia da Marmota. O povo e os maiorais da cidade se reúnem perto da toca. Se sai sob o sol, a marmota se assusta com sua sombra e volta para dentro. É sinal de que o inverno durará mais seis semanas. Se está nublado e a marmota não volta logo para o buraco, o inverno será mais curto.

O Banco WestLB notou que as Bolsas da Rússia, Índia e México passaram pela prova da marmota. Tiveram um lindo período de alta, de 70%, entre 4 e 6 meses antes da obtenção do grau de investimento. Em seguida, veio a estação das vendas (e da baixa), destinada à realização de lucros.

É o que as tabelas acima mostram para os casos da Rússia e do México. Como faltam entre 8 e 10 meses para que o Brasil chegue lá, a hora é de esperar à boca da toca... e de construir posições.

Só nos últimos 3 meses, o Índice Bovespa ganhou 26%, mais do que muitas instituições financeiras previam para todo o ano. Agora as apostas são de avanço do Ibovespa a 60 mil pontos até dezembro, o que indicaria mais 15% a partir de hoje - sem contar os meses de 2008 que antecederiam o grau de investimento.

Como essas coisas não têm exatidão matemática, é preciso perguntar se, no caso brasileiro, dá para contar com essa relação.

Alexandre Schwartsman, economista-chefe do Banco Real ABN Amro para a América Latina, prevê que o grau de investimento virá no primeiro semestre de 2008. É dos que acreditam na marmota: “O mercado financeiro antecipa a compra de ativos para vender depois com lucro.”

O diretor de Pesquisa Macroeconômica do Bradesco, Octávio de Barros, entende que, no Brasil, o mercado vem se antecipando, mais do que aconteceu com outros emergentes. Para ele, a atual valorização das ações é parte do fenômeno. Assim, a realização talvez também se antecipe.

Também chama a atenção para a variável externa que pode ter ficado de fora das observações: “Em alguns casos, as Bolsas internacionais amplificaram o efeito do grau de investimento sobre as Bolsas locais. Em outros, como no México, uma crise nos Estados Unidos após a obtenção da nota derrubou a Bolsa.”

A marmota é um animal sensível, com pendores para a meteorologia. Mas isso quando o aquecimento global era irrelevante, as finanças não estavam tão globalizadas e as variáveis externas não tinham tanta influência sobre o clima local. Por isso, é para levar em conta esses sinais, mas com a desconfiança conveniente.

E-mail: celso.ming@grupoestado.com.br

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