Eduardo Braga, do Amazonas, inova na preservação ambiental
Chico Batata/AGECOM |
Braga: seu Bolsa Floresta dará 50 reais por mês aos ribeirinhos que não desmatarem |
A velocidade do desmatamento está em queda no Amazonas, estado que abriga a maior extensão de floresta tropical do país. Nos últimos cinco anos, seu ritmo caiu a menos da metade. A devastação foi freada porque o governo do estado passou a promover a exploração econômica da área. A estratégia é resultado de uma constatação elementar. Um terço das clareiras é aberto por famílias pobres que moram à margem dos rios e entram na floresta para cultivar a terra, plantar pastos ou extrair madeira. Em 2003, o governador Eduardo Braga passou a emprestar dinheiro para que elas se dediquem a atividades que preservem a floresta. Em quatro anos, desembolsou 215 milhões de reais com esse programa. Os recursos beneficiaram 17.000 pessoas, que, agora, vivem da extração de borracha, óleos vegetais e frutos e de outras atividades ecologicamente sustentáveis. Braga deu mais um passo à frente. Criou o Bolsa Floresta, um programa que dará 50 reais por mês às 8.500 famílias de ribeirinhos que não desmatarem a Amazônia. Com o programa, a mata em pé se tornou um bom negócio.
Para bancar parte das despesas do Bolsa Floresta, o governador amazonense lançou mão de um artifício de engenharia financeira. Instituiu um fundo que será abastecido pela venda de créditos de carbono. Esses créditos corresponderão a partes da floresta que não forem desmatadas e poderão ser comprados por países e empresas que emitem gases poluentes acima do volume permitido pelo Tratado de Kioto. A iniciativa ataca de frente a principal contribuição brasileira para o efeito estufa. Hoje, apenas 25% dos gases poluentes emitidos pelo país são provenientes da indústria e das cidades. Os outros 75% têm origem nas queimadas das florestas. Ao preservá-las, além de evitar novas emissões, o país contribui para limpar a atmosfera, porque as matas consomem carbono.
O Amazonas tem 149 milhões de hectares de floresta. O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia calcula que, por meio da fotossíntese, essa vegetação seja capaz de retirar do ar 113 milhões de toneladas de carbono por ano. Braga acha que é possível arrecadar 20 milhões de reais por ano com a venda desse benefício. O Bolsa Floresta é uma adaptação da política pública de preservação mais bem-sucedida: a da Costa Rica. Nos anos 80, o país criou um sistema de compensação financeira para evitar que o resto de suas matas fosse destruído. Nesse período, mais de 60% de suas florestas já haviam sido devastadas. Por cada hectare de mata preservado, o governo costa-riquenho passou a pagar 110 dólares por ano. Também remunera quem planta árvores nessas áreas. Depois que o programa foi instituído, as florestas começaram a recuperar-se e o país se tornou uma das mecas do ecoturismo. Diz Eduardo Braga: "A Amazônia só sobreviverá se as pessoas que moram aqui prosperarem".